O estreante diretor iraniano Negar Azarbayjani se aventura em um tema polêmico em Olhando Espelhos.
Principalmente se pensarmos na realidade repressiva em que vive o Irã (descrito em Dias Verdes de Hana Makhmalbaf).
O encontro de uma jovem mãe de família com um jovem transexual.
Cheio de nuances e acontecimentos, Olhando Espelhos conta a história de Rana, uma jovem cujo marido foi preso por não honrar uma dívida devido a um roubo, e por isso assume o taxi do marido para sobreviver e juntar dinheiro.
Em suas andanças pela cidade ela encontra Adineh ou Eddie, jovem que tenta fugir da casa de seu pai para poder sair do país e passar por um tratamento de mudança de sexo, já que na Alemanha fez um acompanhamento onde se confirmou sua transexualidade.
Nesse encontro, Rana passa por muitas variações de sentimentos: medo, indignação, incompreensão, aceitação, carinho...
Bonita história, talvez um pouco excessiva em tantos dados e tantas cenas, que muitas vezes não tem tempo para um preparo, um crescente de emoções e uma maior aproximação das personagens, lembrando um pouco as telenovelas.
Faltam cenas como a inicial com discurso em off, num desencontro de som e imagem muito envolventes, ou as cenas em que há jogos de enquadramentos em metáforas visuais como quem encara espelhos.
Talvez seja o caso de mais experiência e maturidade, já que há momentos de puro cinema: tocantes, bem construídos (atuações, fotografia, montagem...), e que fazem jus a um tema tão denso.
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