As Neves do Kilimanjaro, seja pelo título em referência ao conto de Hemingway,
seja pela inspiração do poema Les Pauvres Gens de Victor Hugo para o roteiro,
ou seja pelas várias camadas presentes no próprio filme.
seja pela inspiração do poema Les Pauvres Gens de Victor Hugo para o roteiro,
ou seja pelas várias camadas presentes no próprio filme.
A história começa pela demissão do líder sindical Michel que não quis se beneficiar de sua posição e se colocou como um igual entre aqueles que seriam cortados através de um sorteio.
A partir daí a crise do desemprego na meia idade, a relação desequilibrada com sua mulher que segue trabalhando, os conselhos do amigo de infância, ex-colega de trabalho e cunhado...
As posições dos filhos (menos engajados e mais individualistas como o comum da nova geração) e o questionamento sobre o que fazer com o tempo livre (descanso X tédio, diversão X vazio)...
Porém esse não será ainda o conflito central do filme, ele virá com um assalto sofrido, no qual dinheiro, reservas bancárias...
E o mais simbólico: as passagens ganhadas (por vaquinha feita entre filhos e amigos) para a sonhada e planejada viagem de comemoração dos 30 anos de união do casal em Kilimanjaro.
O trauma e a revolta geradas pelo assalto tomam Michel, que passa a tentar descobrir a identidade do assaltante.
E, dessa investigação, virão descobertas e reflexões sobre se um roubo pode ser justificado, qual a melhor maneira de se vingar, diferença de classes, culpa, raiva, senso de justiça etc...
Muitas questões, porque, de fato, o filme vai trabalhando numa progressão de acontecimentos, reflexões e dramas. Me faz lembrar do excelente Segunda-feira ao Sol de Fernando Aranoa.
Muito bom, ainda que em alguns momentos peque pelo excesso... O aprofundamento em alguns pontos talvez levassem a um filme mais denso e menos novelesco, em que se envolvesse mais com as personagens e que elas não parecessem impulsivas e às vezes quase caricatas.
De qualquer maneira, o que prevalece e se sobressai no filme são a realista construção do cotidiano, o drama contundente, as humanas, concretas e sensíveis personagens. Filme que vale a pena ser visto por todos!
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