sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há Tanto Tempo que te Amo - Philippe Claudel

Drama psicológico forte, denso, profundo! Estréia do escritor Philippe Claudel na direção, se atreveu a fazer uma trama em um dos meus gêneros preferidos e que há alguns meses não me dava um exemplar tão bom!

A história de uma mulher que está saindo da prisão após 15 anos e que está voltando à vida em sociedade. Sua volta se dá a partir da acolhida na casa de sua irmã. Seus motivos, suas dores, seus segredos, suas redescobertas e a convivência com todo o círculo de relações da família da irmã, com sugestões de outras relações e conflitos muito ricos tb é o que acompanhamos por duas horas.

(esses outros conflitos são algo que tb adoro, pois são pontas soltas, variedade de pontos de vista e situações, que nos aproximam mais da vida real... ñ é um recorte falso e providencial...)

E a construção lacônica, misteriosa e truncada da protagonista é o que vai fazendo com que o interesse seja despertado pouco a pouco.
Aproximamos nosso olhar daquela figura misteriosa, ora repulsiva, ora atraente.
As atuações são decisivas para isso: Kristin Scott Thomas está muito bem no papel, lembrando divas do cinema como Isabelle Huppert e Catherine Deneuve.

E aos poucos a trama vai sendo revelada, desde suas personalidades, suas vivências... Até chegarmos ao fato central que é profundo, complexo, ambíguo e extremamente comovente.

Filme muito bom e que chama atenção principalmente em tempos de escassez de qualidade...

Divã

Vi o filme como material de pesquisa e tb por curiosidade especial pelo cinema nacional - seus experimentos e tentativas.

Por conta de circunstâncias, vi em DVD (o que raramente faço, pois gosto que minha primeira experiência com o filme seja de forma mais plena. DVD é bom para rever!).


Mas, no caso, confesso que fiquei feliz, teria sido um desperdício ir ao cinema para ver uma trama tão novelesca, com uma seqüência tão grande de caricaturas e clichês!
Se salva uma outra ou outra piada, um ou outro comentário. Para mim, nem mesmo a atuação de Lilia Cabral, que foi bem falada, passa...

Tudo me soa mesmo como sitcomzinha barata...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Apenas o Fim - Matheus Souza



Independente do que ache do filme, a iniciativa é bem bacana!

Filme feito com uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e amigos ao redor...



O elenco está bem, algumas saídas simples e funcionais de cenário e recursos (parcos e que fazem falta na qualidade das imagens - inclusive há tentativas de drible com alguns momentos de "brincadeiras" de linguagem, como cortes na tela, repetições de quadro, etc, mas que destoam do resto e não levam a lugar nenhum...)

Sinto referências interessantes como Antes do Amanhecer / Pôr do Sol de Richard Linklater, que tb me inspira mto pela simplicidade, despretensão, intimismo e sensibilidade...


Me lembra de leve filmes do Rohmer, filmes de Woody Alen, Jorge Furtado, ou seja, filmes D.R.: em Apenas o Fim o casal segue em uma longa conversa-despedida, onde apresentam suas diferenças, afinidades, personalidades, lembranças, planos... Diálogos agradáveis, saborosos, às vezes banais demais...

Tudo para sair aplaudindo, mas falta algo... Emoção!

É uma despedida, mas não há emoção e isso acaba esvaziando mto tudo que acontece, até mesmo os diálogos que são tão charmosinhos...

Faltou se debruçar mais sobre Antes do Amanhecer e estudar a curva de emoções do casal...

Ali, tb há uma despretensão e não há casos de vida ou morte, mas o fato do casal não se conhecer cria emoções que vão da curiosidade inicial, passa pelo jogo de sedução, entrega, questionamentos, esperanças, expectativas até a aflição de uma despedida...

Apenas o Fim fica numa certa mornidão que acaba esgotando a simpatia e o bom humor com que tudo é tratado, nos fazendo nos perguntar se não seria melhor que fosse um curta...

E uma pena, pois com uns cuidados a mais isso não aconteceria...

Aguardemos então o próximo passo do novato e promissor diretor Matheus Souza!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Paris


Famílias, amores, sentidos de vida, amizades, relações com uma cidade...
Paris!

As tramas até são interessantes, mas não se adensam muito e perdem um pouco da sua força e fôlego ao longo do filme...

Bom elenco, certo ritmo, qualidades técnicas, mas sem nenhum algo mais...


ps: de qq maneira interessante ver um filme de temas maduros depois dos juvenis Albergue Espanhol e Bonecas Russas, do diretor... Mesmo porque começou bem com Albergue, mas decaiu mto bom Bonecas...

terça-feira, 7 de julho de 2009

De Repente Califórnia

Falta de opção, filme na brecha de horário em que tinha, vamos lá...
Uma certa perda de tempo ter ido,
mas que me renderam algumas reflexões:
Antes de entrar na sessão li "O.C. gay",
com referência ao seriadinho adolescente...
Na mosca! Um romancezinho de adolescentes, com interpretações caricatas, musiquinhas pré-adolescentes, trama simplória e ligeiramente maniqueísta, fotografia sem graça e por aí vai...


Se o filme tem algum diferencial é que com toda a mesmice que tem, surpreende que o casal protagonista seja gay...

E daí a observação: vi esse filme no Espaço Unibanco,
mesmo ele sendo digno de um Cinemark...


Uma crítica feroz aos dois espaços e aos dois tipos de público: ao Cinemark e seus freqüentadores por não se julgarem prontos pra ver relações homossexuais de olhos abertos e ao Unibanco, por achar que um filme pode se bastar com alternativo simplesmente por ter relações homossexuais...

Se o filme tem algum ponto positivo por existir, por usar uma linguagem mais popular com um romance homossexual, a maneira como foi lançado (ao menos em sp) distorce qq mérito possível...


(por outro lado, essa continua sendo uma conquista que vejo e que me orgulho de vivenciar em nossa sociedade nos dias de hj... a revolução sexual do século XXI: uma maior aceitação da homossexualidade e que ganha espaço a cada dia...)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Partida













Boa trama, original, interessante, assuntos densos...

Um violoncelista que vai trabalhar em uma agência funerária e tem seu casamento e suas relações familiares questionadas por isso: ótima premissa!

E boa condução tb, mas há um certo desequilíbrio oriental:
ora há a delicadeza, laconismo, minimalismo (que me instigam e agradam mais)
e ora há uns excessos de comicidade e sentimentalismo
(lembro qdo vi trechos de uma série japonesa um tempo atrás e fiquei horrorizada com a semelhança com o tom mexicano de exageros)

E A Partida às vezes dá essas derrapadinhas... Tá numa trama dramática e de repente quer fazer humor físico com seus personagens, colocando caretas estranhas e excessivas, ou qdo tá se encaminhando pro final, momento em que vc está super envolvido e instigado e que aí é interrompido por um momento musical que é quase um clipe - uma grua que fica passeando, dando voltas e mais voltas no protagonista... Acabo me afastando um pouquinho com isso...

Mas ainda assim, os méritos se sobressaem! Principalmente em tempos de filmes meia-boca, valeu a pena!!!