Diferente de outros filmes iranianos mais contemplativos ou nostálgicos, Asghar Farhadi nem aborda a infância como em
Balão Branco, A Maçã e O Silêncio; nem vai na linha de filmes mais filosóficos e metalinguísticos como Gosto de Cereja ou Salve o cinema; nem políticos como os recentes Dias Verdes ou Isso não é um filme.

A Separação tampouco fala da condição da mulher como ocorre em O Círculo e Olhando espelhos, Farhadi fala de um cotidiano sutil, prosaico e extremamente complexo ao mesmo tempo.
O filme parte da discordância de um casal de classe média e seu pedido de separação muito mais para falar sobre impasses: os motivadores, a relação religiosa, moral e jurídica no cotidiano iraniano e desdobramentos possíveis.
Assim, a esposa que quer mudar de país e vê na discordância do marido um obstáculo na relação, a levam a um pedido de divórcio; discordância essa gerada pela dependência de um pai/sogro já debilitado que exige cuidados especiais;
Dependência essa que leva à contratação de uma empregada; empregada essa que tem vários problemas pessoais - filhos, crises financeiras que geram crises emocionais: desemprego, dívidas, prisões, depressões; problemas esses que levam a tensões e vulnerabilidades...
Vulnerabilidades que são gerais e fazem com que todas as personagens envolvidas sejam ao mesmo tempo culpadas e inocentes e que a cada dado apresentado a situação se torne mais complexa.



Um filme em defesa do diálogo, justamente por tantas tentativas frustradas de remendos de confissões, dúvidas, meias-verdades...
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