Mike Leigh começou a se destacar por aqui com o longa Segredos e Mentiras. Passou depois com filmes como Tudo ou Nada e Vera Drake e agora está em cartaz com Mais um ano (já de 2010).
Mais uma vez temos o ambiente inglês cheio de formalidades e aparente sobriedade, mas com diversos conflitos querendo transbordar.
Mais um ano começa com uma senhora sendo atendida em um posto médico e falando sobre seus problemas para dormir.
A médica insiste que remédios não resolverão, é preciso descobrir as causas do problema.
A médica insiste que remédios não resolverão, é preciso descobrir as causas do problema.
Esse é sempre o objetivo de Leigh, mais do que mostrar personagens problemáticas e desequilibradas é mostrar suas origens e motivações.

Mike Leigh entretanto sempre esbarra em limiares... Em Segredos e Mentiras, por exemplo, grande parte do público tomava o filme como um verdadeiro drama, e outros tantos como comédia... Mas o riso provocado seria verdadeiro ou de nervoso?

E já o casal central que olha verdadeiramente para todos não apresenta conflitos, resultando também em um artificialismo.
Alguns consideraram isso uma visão otimista do diretor, para mim é um equilíbrio falso.
Nem os problemáticos deveriam ser tão cegos e nem os equilibrados tão lúcidos. Os embates assim poderiam ser mais ricos e complexos. E, assim, nos envolvermos e nos identificarmos mais com as personagens...

Temas tão caros trazidos no filme como a busca pelo amor, pela felicidade, pelo outro em ritmo tão bem construído acabam perdendo um pouco da força e do potencial por essa abordagem de extremos...
Todos temos um pouco de histeria, depressão, bipolaridade, lacunas e falta de tato. Não temos as colocações certas, a auto-consciência e a sensibilidade para agir em todos os momentos e um filme como esse poderia nos despertar muito mais com outra dosagem.