O diretor vietnamita Tran Anh Hung foi muito bem recebido com seu longa de estréia O cheiro de papaia verde, mas passando mais discretamente com seus filmes seguintes.
Quase vinte anos depois lança Como na canção dos Beatles em abordagem jovial e moderna mas combinada com extrema poesia.
Baseado no livro de Haruki Murakami, Hung conta a história do jovem Toru: suas amizades, primeiros amores, entrada na faculdade...
É o próprio Toru quem narra sua história, começando pela amizade entre ele e o casal Kizuki e Naoko, situação que parece poder ter vários desdobramentos, mas logo é interrompida com a morte de Kizuki.
Sem assimilar ou refletir sobre essa perda, ele logo muda sua vida entrando na faculdade e se mudando para Tóquio.
Ali começa uma vida mais independente (morando sozinho ou com colegas) e de agito político e social do final dos anos 60 (muita música - indicada até pelo título, protestos contra a guerra do Vietnã, mudanças comportamentais e liberação sexual).
Porém o filme tem uma abordagem introspectiva, se aproxima das personagens de maneira delicada e poética.
Toru é um garoto sensível e em idade de se apaixonar e desabrochar, mesmo sem definir sua busca, ele parece à procura de amor e o amor acaba o procurando também.
Ele começa se envolvendo com a Naoko, mas ela entra em depressão e se afasta para fazer um tratamento.
Ele como um bom romântico se coloca paciente e devoto, mas não se fecha a novas situações que lhe aparecem.
Toru não sabe como lidar com tantas emoções ao seu redor e muitas vezes parece apenas re-agir de acordo com o que seus amigos ou as garotas lhe propõe e questionam.
Muito mais do que colocar situações específicas, o filme parece abordar temas abstratos como a paixão, o amor, o desejo, a fidelidade, o ciúme, a melancolia, o fim...
E Hung tem um jeito muito sedutor de filmar, sua câmera apresenta as personagens com beleza e graciosidade e nos faz nos apaixonar por elas.
Mérito também do grande diretor de fotografia Ping Bin Lee - parceiro, entre outros, de Wong Kar-Wai, com quem fez a obras-prima Amor à flor da pele e autor de filmes como Renoir, já comentado aqui.
A música também nos seduz e envolve, sejam os Beatles e outros contemporâneos da história, ou os melancólicos acordes instrumentais.
O roteiro e a decupagem propõe ainda um ritmo que nos leva a outro tempo, seja o psicológico ou o libertário e paradoxal (especialmente numa cultura tradicional e conservadora como a japonesa), que nos faz lembrar de filmes como Os Sonhadores ou Depois de Maio - também comentado aqui.
E como o tempo e os temas representados são de extrema riqueza e complexidade, na trama de Como na canção dos Beatles não há tanto espaço para a simplicidade da banda inglesa, pois ele toca em temas muito mais profundos e para isso faltam elementos.
Faltam entendermos mais a psicologia das personagens e poder analisar melhor os acontecimentos (que chegam a mortes e suicídios), na distância a que somos colocados podemos apenas compartilhar dos sentimentos, através de lentes etéreas, e, mesmo sem entender, conseguimos nos emocionar junto a esses primeiros amores, primeiras paixões e primeiras (e em alguns casos fatais) desilusões.
Como jovens podemos entrar nessa história e passar duas horas profundas com ela, mas se nos distanciarmos, veremos que ela ainda poderia amadurecer um pouco mais...

Sem assimilar ou refletir sobre essa perda, ele logo muda sua vida entrando na faculdade e se mudando para Tóquio.
Ali começa uma vida mais independente (morando sozinho ou com colegas) e de agito político e social do final dos anos 60 (muita música - indicada até pelo título, protestos contra a guerra do Vietnã, mudanças comportamentais e liberação sexual).
Porém o filme tem uma abordagem introspectiva, se aproxima das personagens de maneira delicada e poética.
Toru é um garoto sensível e em idade de se apaixonar e desabrochar, mesmo sem definir sua busca, ele parece à procura de amor e o amor acaba o procurando também.
Ele começa se envolvendo com a Naoko, mas ela entra em depressão e se afasta para fazer um tratamento.



E Hung tem um jeito muito sedutor de filmar, sua câmera apresenta as personagens com beleza e graciosidade e nos faz nos apaixonar por elas.
Mérito também do grande diretor de fotografia Ping Bin Lee - parceiro, entre outros, de Wong Kar-Wai, com quem fez a obras-prima Amor à flor da pele e autor de filmes como Renoir, já comentado aqui.
A música também nos seduz e envolve, sejam os Beatles e outros contemporâneos da história, ou os melancólicos acordes instrumentais.
O roteiro e a decupagem propõe ainda um ritmo que nos leva a outro tempo, seja o psicológico ou o libertário e paradoxal (especialmente numa cultura tradicional e conservadora como a japonesa), que nos faz lembrar de filmes como Os Sonhadores ou Depois de Maio - também comentado aqui.
E como o tempo e os temas representados são de extrema riqueza e complexidade, na trama de Como na canção dos Beatles não há tanto espaço para a simplicidade da banda inglesa, pois ele toca em temas muito mais profundos e para isso faltam elementos.
Faltam entendermos mais a psicologia das personagens e poder analisar melhor os acontecimentos (que chegam a mortes e suicídios), na distância a que somos colocados podemos apenas compartilhar dos sentimentos, através de lentes etéreas, e, mesmo sem entender, conseguimos nos emocionar junto a esses primeiros amores, primeiras paixões e primeiras (e em alguns casos fatais) desilusões.
