Os conhecidos montadores do audiovisual brasileiro, Oswaldo Santana responsável por obras como Tropicália e Bruna Surfistinha e Karen Harley responsável por Viajo porque preciso, volto porque te amo e Que horas ela volta? (já comentados aqui no blog) se uniram em um projeto especial.
A dupla comprou os direitos da autobiografia de Rita Lee em 2018 e começaram a trabalhar na narrativa da vida da artista, tanto fazendo uma longa entrevista - a última dada por ela, quanto pesquisa de material de arquivo.
Entre os materiais também a produção própria de Rita com vídeos feitos por ela em sua casa, ressaltando o humor e autenticidade dela, mas também apresentando o lado sereno e íntimo.
Algumas frentes de trabalho e muito material em ebulição, a potência e versatilidade de Rita Lee foi transbordando e dando corpo ao documentário, inclusive definindo o título que traz a multiplicidade da artista, o documentário não traz apenas uma Rita, mas Ritas.
Há a Rita filha de classe média alta paulistana; há a Rita adolescente roqueira rebelde; há a Rita que integrou o Mutantes, alcançou o sucesso, dialogou musicalmente com a efervescência artística dos anos 60 e 70 no Brasil; há a Rita expulsa dos Mutantes numa situação que revela muito sobre ela e sobre a banda, dando um contraponto da versão de Arnaldo Batista, apresentada no documentário Loki - já comentado aqui; há a Rita que se reinventou numa carreira solo; a Rita que encontrou um grande amor e intenso parceiro de vida e de arte, Roberto de Carvalho; a Rita do sexo, das drogas e do rock; a Rita da maturidade, do envelhecimento, mãe e avó...
Com uma personagem tão rica e encantadora já havia muito potencial para seduzir o público, mas a costura dessa "geléia geral" com belas animações e trilha muito bem pontuada e utilizada valorizam ainda mais a narrativa.