O diretor francês Bertrand Bonello gosta de histórias baseadas em passagens verídicas, polêmicas, marginais, sexuais...
Um de seus primeiros filmes foi O Pornógrafo, que chegou por aqui pela participação-homenagem de Jean-Pierre Léaud - ator fetiche de Truffaut desde Os Incompreendidos e de outros diretores dos cinemas novos europeus, com pontos interessantes, mas sem uma trama muito envolvente.
Entre suas produções mais recentes o destaque vai para L´Apollonide: Os Amores da Casa de Tolerância, filme instigante e sensível sobre uma casa de prostituição na virada dos séculos XIX e XX na França - já comentado aqui.
Com Yves Saint Laurent, Bertrand tinha rico material para explorar um universo de criatividade, glamour, questões de sexo, drogas e rock´n´roll.
Uma das personalidades do século XX, Saint Laurent também inspirou recentemente o filme Yves de Jalil Lespert.
Na versão de Bertrand vemos a trajetória do estilista a partir do seu boom no fim dos anos 60: um pouco de suas inspirações, criatividade e produtividade
(além de suas coleções para alta costura e para suas lojas lançadoras de tendências, literalmente, ele também fez o design de figurinos de filmes e peças de teatro).
(além de suas coleções para alta costura e para suas lojas lançadoras de tendências, literalmente, ele também fez o design de figurinos de filmes e peças de teatro).
Conhecemos um pouco do contexto histórico (sua origem argelina, os movimentos sociais franceses, os movimentos de arte de vanguarda etc).
Acompanhamos também sua rotina em festas e com drogas.
E suas relações mais próximas, por exemplo com seu parceiro de muitos e muitos anos Pierre Bergé. Ou com seu amante Jacques de Bascher.
Ou ainda com amigos e parceiros como Loulou de la Falaise, Anne-Marie Munoz e Betty Catroux.
Para esses personagens, Bertrand conseguiu reunir um elenco de peso, jovem mas muito experiente: como o protagonista Gaspar Ulliel (de Paris, eu te amo), Jérémie Renier, de O Garoto da Bicicleta e A Criança - com comentários aqui), Louis Garrel (de Os Sonhadores e Amantes Constantes) e Léa Seydoux de A Bela Junie e Azul é a cor mais quente - também comentados aqui).
Falta um pouco um foco para trazer tantos assuntos à passarela. Podemos nos envolver com as questões filosóficas da exposição ao belo e o questionamento da beleza e da estética.
Podemos nos envolver com questões existenciais de qual o sentido da vida, para onde nos leva nosso trabalho e nossa criação. Podemos nos envolver com as excentricidades e a degradação a que vemos Saint Laurent entrar.
Mas que de certa forma ele dribla e sobrevive (não morre na juventude louca como tantos contemporâneos seus).
A falta de direcionamento da narrativa também pode ser sentida pela linguagem, há alguns momentos de flashforwards e flashbacks, divisão de telas, clipes ou outros recursos que surgem e nos instigam, mas não se mantém.
Não há o mesmo estranhamento de mudança de tom que ele (o)usou em L´Apollonide e que transpôs a história em tempo e espaço, enriquecendo tanto a narrativa.
Aqui o filme fica entre a biografia bem contada com alguns detalhamentos excessivos (por exemplo: negociações com empresários investidores).
Ou interpretações de toda uma época: a moda, a arte, a música e a cultura da juventude dos anos 60 e 70.
Ou interpretações de toda uma época: a moda, a arte, a música e a cultura da juventude dos anos 60 e 70.
Apesar dos excessos e dos momentos cansativos, no geral o que fica do filme são os momentos didáticos, os instigantes e a condução geral boa e bem realizada.
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