Um filme biográfico de uma das maiores lendas da música pop mundial é garantia de sucesso: canções famosas, enérgicas, poéticas acompanham toda a narrativa e nos envolvem e nos entusiasmam. Porém, com todo potencial da história de Freddie Mercury e sua trajetória no Queen, Bohemian Rhapsody deixa a desejar.
O filme traz o começo da carreira, a relação com sua família e algumas barreiras que Freddie teve que romper;
A relação com seus companheiros de banda e questões delicadas sobre talento, ego e fama;
Alguns dos principais relacionamentos amorosos e as polêmicas sobre seu comportamento e sexualidade.
Mostra também sua excentricidade, genialidade e solidão, só que sem se aprofundar.
Não compartilhamos seus sentimentos, suas ambições e temores. Vemos alguns sendo citados em diálogos rasos, mas não temos momentos de silêncio e gestos cotidianos em que isso seja apresentado.
Ao contrário, o filme investe em um personagem histriônico, exagerado. Em que mesmo a grande arcada dentária é acentuada de forma artificial e chega até a atrapalhar a interpretação de Rami Malek pelo tanto que chama a atenção.
Talvez esse direcionamento venha da experiência de Singer como diretor de heróis, em que se ressalta mais a potência das qualidades, sem apresentar complexidade e ambiguidade.
Porém em uma figura como a de Freddie o aprofundamento psicológico faz muita falta.
Podemos cantar, aplaudir e vibrar com o espetáculo, mas não conseguimos nos sentir frente a um drama complexo e real.
Assim nem vemos um filme com um pout pourri equilibrado entre drama e cenas musicais como Cazuza, nem vemos um exemplo de entretenimento menos ambicioso e mais gracioso como Quase famosos, nem um de biografia mais densa como Saint Laurent - já comentado aqui.
Uma pena, pois há muito nas entrelinhas dos versos dessa Bohemian rhapsody e todas realezas envolvidas nessa majestosa história...
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