A maestria de Béla Tarr está no intangível: são os silêncios, as lacunas, o brilho, as sombras, a luz, a melodia...
Baseado em conto de Georges Simenon, O Homem de Londres conta mais do que a história de um funcionário de estação de trem que testemunha uma briga por uma maleta de dinheiro e consegue resgata-la. O filme fala sobre valores, ética, moral, culpa, bens materiais, direitos, família...
O protagonista em nenhum momento consegue comemorar a conquista da fortuna, seu peso é sentido profundamente e o acompanha em toda a narrativa.
Esse peso é levado para suas relações familiares: com a filha, interpretada por Erika Bók, também atriz da obra-prima O Cavalo de Turim; e com a esposa, vivida por Tilda Swinton (que me marcou pelo recente Um Sonho de Amor).
Porém as discussões e interações às vezes se perdem um pouco pra mim, em parte por o filme ser dublado, em parte por diferenças de tom na interpretação.
Algumas vezes me desconecto do filme, mas quando volto é sempre para me embevecer com as lindas imagens, com a bela (e excessiva) trilha, e me instigar com a densidade das personagens...
(Eduardo Valente também fala sobre as irregularidades do filme em ótima crítica)
Ver sentimentos complexos como a culpa, o remorso, o encantamento traduzidos em sons e imagens com tanta destreza realmente me conquista.
Mais um ponto para esse grande cineasta húngaro!
Confira no trailer!
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