Amigos virando gente grande. Gente grande de cinema. E grande mesmo, Trabalhar Cansa tem muitos méritos:
A história explora com veracidade, proximidade e densidade a vida de um casal de classe média que luta contra o desemprego, o cansaço, o tédio, as agruras do cotidiano...
Mas não é tudo.
Juliana Rojas e Marco Dutra seguem fiéis ao seu cinema (muito bem desenvolvido em seus curtas, como Um Ramo e O Lençol Branco, que já vinham despertando interesse em muitos, por exemplo em Cannes, onde os curtas foram exibidos,
Um Ramo foi premiado - foto ao lado - e Trabalhar Cansa esteve concorrendo em 2011 ao lado de grandes diretores de todo o mundo).
A fidelidade a esse cinema que eles desenvolvem vem na busca de uma estranheza no cotidiano, da exploração de um imaginário mais fantástico, de suspenses sem alardes, mistérios construídos lenta e constantemente e com muito realismo...
E em narrativas que não são completamente redondas de começo, meio e fim, mas que deixam lacunas para preenchermos, espaços para nos espelharmos, nos envolvermos, participarmos...
O mérito dessas narrativas interessantes e intrigantes (pontuadas por um roteiro extremamente criativo e por uma montagem precisa) vem com a interpretação realista e marcante de grandes atores como Helena Albergaria, (com quem tive prazer de trabalhar em Tori) e Marat Descartes ;
E em coadjuvantes bem interessantes como Gilda Nomacce - foto ao lado - e a estreante Naloana Lima. (Em alguns momentos as interpretações chegam a ter tons destoantes, mas nada que chegue a comprometer).
A estética crua e realista também fazem ressaltar as qualidades do filme (fotografia, arte, som...).
Orgulho ver meus colegas de faculdade e trabalho, minha geração, o cinema com quem dialogo crescer, ser fiel a si e ser potente!
O filme tem o trabalhar que cansa, o trabalhar realista, mas tem também o trabalhar que vai além, do realismo fantástico cheio da magia do cinema...
Vida longa ao Trabalhar, que não Cansa, mas intriga e nos embriaga de cinema! Confiram!
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