Adoro filmes debruçados em personagens em crise.
Ainda mais quando tão bem construídos.
Ainda mais quando dialoga com acontecimentos que já conheci...
Baseado na obra de Pierre Drieu La Rochelle - Le Feu Follet (que também inspirou Louis Malle para o clássico 30 Anos Esta Noite - uma de minhas lacunas cinematográficas),
Oslo, 31 de Agosto fala de um rapaz de 30 e poucos anos que está começando a receber alta de um longo tratamento de dependência química e se vê angustiado diante do mundo que terá que enfrentar.
As situações pelas quais passa são de certo modo triviais: encontro com amigos e familiares, entrevista de emprego, festas etc.
Mas a dificuldade dele diante de pequenos conflitos, ou coisas mais mundanas como o tédio, a convivência com pessoas idiotas, a mediocridade, a hipocrisia etc, tudo isso vai se tornando angustiante.
E essa angústia é mostrada de maneira muito contida, de certa maneira crua e por isso mesmo tão verdadeira e brutal.
Há também poesia nessa crueza, e não é por imagens contemplativas nem por uma trilha especial, simplesmente pela proximidade que nos dá de seu protagonista e a maneira como nos faz compartilhar seu mundo...
Joachim Trier mostra bastante potencial em uma de suas primeiras direções, sem referências a seu talentoso parente distante Lars, mas demonstrando ser herdeiro de uma mesma densidade de questões... Grata surpresa da 35a edição da Mostra de São Paulo.
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