sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Oslo, 31 de Agosto




Adoro filmes debruçados em personagens em crise. 
Ainda mais quando tão bem construídos. 
Ainda mais quando dialoga com acontecimentos que já conheci...



Baseado na obra de Pierre Drieu La Rochelle - Le Feu Follet (que também inspirou Louis Malle para o clássico 30 Anos Esta Noite - uma de minhas lacunas cinematográficas),

Oslo, 31 de Agosto fala de um rapaz de 30 e poucos anos que está começando a receber alta de um longo tratamento de dependência química e se vê angustiado diante do mundo que terá que enfrentar.


As situações pelas quais passa são de certo modo triviais: encontro com amigos e familiares, entrevista de emprego, festas etc. 


Mas a dificuldade dele diante de pequenos conflitos, ou coisas mais mundanas como o tédio, a convivência com pessoas idiotas, a mediocridade, a hipocrisia etc, tudo isso vai se tornando angustiante.


E essa angústia é mostrada de maneira muito contida, de certa maneira crua e por isso mesmo tão verdadeira e brutal.


Há também poesia nessa crueza, e não é por imagens contemplativas nem por uma trilha especial, simplesmente pela proximidade que nos dá de seu protagonista e a maneira como nos faz compartilhar seu mundo...


Joachim Trier mostra bastante potencial em uma de suas primeiras direções, sem referências a seu talentoso parente distante Lars, mas demonstrando ser herdeiro de uma mesma densidade de questões... Grata surpresa da 35a edição da Mostra de São Paulo.



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