Coqueluche da 35a Mostra de São Paulo, tanto por ser unanimidade entre os críticos quanto pela dificuldade da chegada da cópia, Habemus Papam sem dúvida alguma é um bom filme.
Já de partida com sua premissa original e ótima direção (atores, decupagem, fotografia, som...), Nanni Moretti me instiga: como seria uma crise de um padre que é eleito papa?
Vemos esse novo papa petrificado diante de sua posse, começando uma psicanálise e com companheiros tentando auxilia-lo.
Os tabus envolvendo a vida casta e a abordagem terapêutica, a cobertura papa-razzi de celebridade, o mundo paralelo que se dá entre as quatro paredes do Vaticano, tudo parece anunciar uma comédia criativa, inteligente, interessante.
Uma pena que o filme não mantenha a genialidade do seu primeiro terço e termine sendo apenas bom.
Principalmente porque Moretti fez o que para mim é um dos grandes filmes da década passada, O Quarto do Filho.
Aqui ele fala do delicado tema da morte, a partir do ponto de vista do pai (e também psicanalista e também vivido por Moretti).
Aqui ele fala do delicado tema da morte, a partir do ponto de vista do pai (e também psicanalista e também vivido por Moretti).
Além da densidade e sensibilidade com que trabalha o tema, Moretti apresenta a história em uma estrutura inusual e profundamente envolvente:
Só há um turning point, uma reviravolta - a própria morte - todo o resto é a assimilação do conflito, o emaranhado das relações, o crescente tortuoso do luto e o sinal do adiante...
De qualquer maneira, em uma experiência ou em outra, Moretti vai se estabelecendo como um dos principais nomes do cinema italiano contemporâneo:
Que venha o próximo e amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário