Paul Verhoeven (de filmes como O Quarto Homem ou Instinto Selvagem - com comentários recentes aqui) realmente chegou a uma excelência de execução, Elle traz a trama de violência e abusos sexuais com suspense, dramaticidade e muita profundidade.
A protagonista é vivida pela excelente Isabelle Huppert - já elogiada aqui em filmes como Amor ou A Bela que Dorme e impecável em outros filmes complexos como A Professora de Piano.
Aqui, Huppert é uma heroína-vilã que é vítima de um abuso sexual. E partir daí sua relação com a violação e com o desejo e como as outras áreas de sua vida se entrelaçam se tornam uma imbricada e instigante trama.
Empresária de videogame bem sucedida, envolvida desde a infância em um escândalo policial de seu pai;
com relações restritas mas intensas com sua mãe, seu filho, seu ex-marido, sua sócia e seus vizinhos, por exemplo, a protagonista nos mantém em uma linha tênue de intimidade e proximidade e total estranhamento.
Nessa narrativa, Verhoeven é capaz de tirar gritos, risadas, lágrimas e embrulhos no estômago de seus espectadores.
Somos tragados para dentro da história, muitas vezes tendo repulsa e querendo escapar dela a qualquer custo.
Duas horas intensas capazes de nos fazer pensar nas relações humanas e nos conceitos de moral, pecado, perdão, desejo, liberdade, bondade, maldade.
Parece muito para tão pouco tempo e maior ainda o mérito por fazer isso de maneira tão cinematográfica (decupagem, atores, trilha, foto, arte...), tudo preciso.
Parece muito para tão pouco tempo e maior ainda o mérito por fazer isso de maneira tão cinematográfica (decupagem, atores, trilha, foto, arte...), tudo preciso.
Para aprofundar vale ler também o texto de Eduardo Valente na Cinética.
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