A adaptação do livro Sostiene Pereira de Antonio Tabucchi feita por Roberto Faenza conta com a ilustre participação de Marcelo Mastroianni no que foi um dos seus últimos trabalhos.
Um projeto internacional, livro de um italiano que morou em Portugal e por isso fez sua história sobre o país. Num filme passado lá mas com a equipe prioritariamente italiana, com atores como Stefano Dionisi e a diva Nicoletta Braschi.
Além deles a participação muito especial do talentosíssimo Daniel Auteuil.
Páginas da Revolução conta a história do funcionário público Pereira, vivido por Mastroianni, vê sua vida pacata sofrer interferências a partir da ditadura salazarista em Portugal.
No livro, a objetividade com que se narra faz com que o personagem seja mais intrigante, não sabemos se a neutralidade com que dá suas afirmações no que se intui ser um interrogatório são fruto de sua ingenuidade ou de sua dissimulação.
Os personagens que o cercam no livro também se apresentam misteriosos, ou por uma real discrição ou pelo disfarce de Pereira.
Mas toda essa ambiguidade em uma trama passada em uma ditadura, com informações truncadas, perseguições e violência trazem uma riqueza muito grande ao livro.
Já em um filme muitas vezes é mais difícil manter o mistério. Não se pode omitir tanto, pois tudo é visualizado. Sabemos o tom em que as personagens falam, acompanhamos suas expressões, vemos suas caracterizações.
E o trabalho de Faenza nos leva a caricaturas, sem tantas nuances e sem uma revelação crescente do que se passa de fato nas ações de Pereira, que vai oferecendo ajuda a pessoas sem se saber suas motivações reais.
Para quem leu o livro vale muito a pena ver a construção de Mastroianni ao personagem e ver o cenário e construção da época.
Entretanto como história autônoma, sem o livro como base, a narrativa fica um pouco rasa.
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