quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sniper Americano - Clint Eastwood


Clint Eastwood é um cineasta complexo.
Com pensamentos conservadores e reacionários, ele muitas vezes os questiona e tematiza.

Foi assim em Sobre meninos e lobos, Menina de Ouro ou Gran Torino - já comentados aqui - por exemplo, alguns de seus maiores filmes recentes.

Ele se coloca nos filmes como personagem de si mesmo (em Gran Torino e Menina de Ouro atua e em Sobre meninos e lobos seu alterego se dá na figura de Sean Penn) e tem suas razões questionadas por outros personagens - no primeiro uma descendente chinesa com referências e questionamentos muito diferentes dos seus;


No segundo por uma boxeadora que fica paralítica e passa a desejar a eutanasia;

E no terceiro por um homem valente que fazer justiça pelo assassinato de sua filha (e que por isso praticará uma grande injustiça).

Mas Clint nem sempre traz nuances em seus filmes, em A Troca ou Além da vida - também comentados aqui - apresenta o drama de forma exagerada e espetacular, sem tanto espaço para nuances.

Em Sniper Americano também. 
O retrato de um atirador de guerra poderia vir cheio de questionamentos complexos: por que matar, por que lutar, por que morrer?

Mas nenhuma dessas questões estão presentes no filme. Os tiros sempre são justificados pela questão patriótica, que se sobrepõe a questões humanas.

O valor da vida não é tematizado e o resultado é um filme competente e extremamente desumano.

Leia também os comentários contundentes do crítico Luiz Zanin aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário