Premiado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2016, El Amparo é a estréia do diretor venezuelano Rober Calzadillo.
Baseado em uma história real na qual o exército venezuelano mata um grupo de homens por engano e não se redime do feito, tentando calar os dois sobreviventes, Calzadillo vai além da denúncia da miséria e injustiça que envolve o ocorrido.
Trazendo nas entrelinhas o embate de questões primordiais ao ser humano como a liberdade e a dignidade, Calzadillo nos deixa com as perguntas: que preço pode ter a liberdade? E que custo pode ter a honestidade?
Mas mais do que um ótimo roteiro, o que mais chama a atenção no filme é a direção, que traz um registro com ares de documental: cenários naturalistas, câmera na mão e elenco excepcional.
Difícil trabalhar em tempos, respirações, falas, silêncios, olhares com tanta verdade e força.
Toda essa sensibilidade e vigor nos leva para dentro da trama, sentimos desde o calor insuportável da Amazônia, a desolação das viúvas, o embrutecimento das mães que perderam seus filhos ou a angústia daqueles que poderão pagar com suas vidas pelo comprometimento com sua honra e com a verdade
(remetendo a outro filme recente que fala sobre ditaduras comunistas: A Rede, de Kim Ki Duk - já comentado aqui).
Calzadillo também mostra seu comprometimento com a verdade e o resultado é uma obra-prima.
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