sexta-feira, 9 de novembro de 2012

La noche de enfrente - Raoul Ruiz


Como levar ao cinema verbo e emoção?

Como trazer o tempo de vírgulas e reticências e o tom de exclamações e pontos finais?

Construção totalmente abstrata, mas visível e audível em La noche de enfrente, do chileno Raoul Ruiz.

Em sua filmografia essa aproximação com a questão do tempo e a relação com a literatura (evidentes na adaptação de um dos volumes de Em Busca do Tempo Perdido de Proust com O Tempo Redescoberto).

E em sua biografia a aproximação com a temática de seu último filme: o protagonista às vésperas de sua aposentadoria, narrado pelo diretor à beira de sua (já sabida) morte.

Sem muitos cenários, misè-en-scene, personagens ou intervenções estéticas, o filme tem densidade pelas palavras e principalmente pelo silêncio. 

É instigante e difícil, muitas vezes parecendo pouco cinematográfico e em outras tantas parecendo o perfeito espaço literário dentro da sétima arte.


Cheio de imagens soltas e simbologias, chegando a ser excessivo e hermético, mas trazendo também poesia ao filme.


Sem conhecer muito da filmografia de Rouiz, indico também as palavras de Zanin, em crítica que pode ser lida aqui.


E um salve às palavras, aos sons e às imagens!

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