O diretor francês Olivier Assayas, conhecido por aqui pela participação em Paris, te amo e Cada um com seu cinema, entre outros, nasceu em 55 e portanto testemunha em sua juventude do borbulhar da França no final da década de 60 e nos anos 70, tinha material vasto para lhe inspirar a falar de acontecidos do pós maio de 68, ou, em francês: Après Mai.
Assayas mesmo já havia escrito sobre o assunto anos atrás e o tema certamente lhe interessa.
Entretanto ele foge de uma abordagem emotiva e intimista. O tom do filme é mais distante, racional e observador, tampouco frio e indiferente, as personagens são bem construídas e com diferentes camadas...
Assayas apresenta diferentes posturas dos jovens da época: lutar com armas ou não, ser democrático ou não, ser paternalista ou não, ser direto ou não, ser artista ou fazer política ou desfrutar a juventude libertária ou tentar conciliar tudo isso...?
Escola, faculdade, manifestações, partidos, comunismo, socialismo, leituras, jornalismo, literatura, artes, música, cinema, álcool, maconha, ácido, viagens...
Essas personagens são interessantes e nos envolvemos com elas, mas a narrativa mais objetiva dificulta uma aproximação maior. Também não chega a uma racionalização tão grande que nos limite a reflexões como uma tese ou tratado (- ainda bem!).
Mesmo com tema instigante e elenco carismático (de atores como Lola Créton, de Adeus, Primeiro Amor - já comentado aqui) o filme acaba parando no meio do caminho...
Às vezes até esbarrando em certos clichês, de arte, política, sexo, drogas e pitadas de rock'n'roll, já que é uma época bastante representada, inclusive pelo cinema francês...
"Além de maio", acaba ficando aquém...
Filme bem feito, mas sem a ousadia juvenil (evitou-se a ingenuidade, mas se perdeu o frescor).
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