O filme apresenta dois momentos distintos da vida de Aurora: se vê um breve trecho de uma juventude na África e depois passa-se à sua velhice em Portugal - um cotidiano muito bem construído entre ela, a empregada e a vizinha.
Algumas semanas desse período são narradas, até sua morte, quando surgem pistas e informações para a revelação de histórias de seu passado, contados na parte final - e mais importante - do filme.
Nesta última parte voltamos à África e acompanhamos a trajetória de Aurora desde a infância até à fase adulta.
E nesta parte desenvolve-se também a linguagem de maneira mais inusual... Além do preto e branco e do formato 3:4 de todo o filme, aqui não há diálogos, apenas narração e som ambiente (apesar das bocas se movimentando).
Também aqui os sentimentos são os mais densos e profundos, porém há uma distância narrativa. Para alguns é como se fosse para observarmos a narrativa como um programa sobre o mundo animal (animal-homem, no caso).
As ligações que o filme nos dá com a natureza, como a presença constante e bastante simbólica do crocodilo, realmente nos conduzem a isso.
Tantas camadas e tantas possibilidades que Tabu mais do que qualquer coisa parece intrigar.
Como poucos nos dias de hoje.
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