Raro um filme que nos proponha soluções dramatúrgicas diferentes. Mais raro ainda se mesmo com estranhezas o filme nos toca...
Areia |
Caetano Gotardo, jovem cineasta capixaba-paulistano, já havia se espalhado em poesia com curtas como Areia;
O Menino Japonês |
E dado mostras de sua habilidade em construir tramas dramáticas com realismo como em O Diário Aberto de R ou ainda a habilidade na construção de personagens e diálogos em O Menino Japonês.
Agora Caetano faz sua estreia em longas-metragens com O que se move.
O que se move per si e o que nos move a todos.
Filme sobre a vida, sobre a perda, sobre a graça (ou desgraça) do dia-a-dia, sobre o intangível.
Caetano segue poético e não é apenas nos diálogos e nos planos contemplativos (dado por uma fotografia extremamente sensível e uma montagem envolvente), a poesia está nas entrelinhas (ou entreimagens).
Três histórias sobre perdas familiares, todas trágicas, e por isso a busca de Caetano por um olhar diferente, seu desejo de não tragicizar a tragédia funciona, não só pela criação de diálogos musicados ao final de cada história, mas por seu olhar tão delicado que pode ser emprestado pelo tempo em que dura o filme.
Prazer desde os diálogos ao mesmo tempo desencontrados e realistas, pelo elenco e interpretação primorosos, prazer pela temática tão tocante...
Prazer pela sensação de estar diante do mais puro cinema.
A esses cineastas o desejo de agradecer quando o filme termina.
(Para minha sorte, Caetano é colega de faculdade e pude fazê-lo pessoalmente no calor da emoção do filme, mas faço novamente e publicamente: obrigada!).
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