Diretor brilhante, o dinamarquês Vinterberg é capaz de instigar a todos com seu primeiro filme de impacto, Festa de Família, depois se perder um pouco com Dogma do Amor, fazer um bom filme como Querida Wendy;
Novamente personagens vistas de perto, mas sem intimidade, uma medida de distância para nos desnortear, para tentarmos nos aproximar sem conseguir, para tentarmos nos colocar no lugar, mas sem nos transpor verdadeiramente. Uma distância bem realista pensando em como nos relacionamos com o outro.
Ao mesmo tempo a construção de personagem com tamanha densidade que impossível não ficar completamente envolvido com a trama.
A Caça conta a história de Lucas, um professor de escolinha infantil em uma pequena comunidade dinamarquesa. Um homem colocado como triste, calado, ensimesmado e ao mesmo tempo capaz de grande generosidade e afetuosidade ao se relacionar com as crianças ou a tentar estar o mais próximo do filho, que vive com a mãe.
Porém Lucas passa por acusações de pedofilia e sua vida se torna um inferno de desconfianças, insultos e incriminações.
Faz lembrar muito o excelente documentário Na Captura dos Friedmans, de Andrew Jarecki, que é ainda mais grave por se tratar de história real.
Aqui a linguagem contida, os closes, a câmera na mão, a paisagem, as metáforas visuais, o som preciso... Tudo contribui na construção densa e impactante da narrativa.
Mais uma vez Vinterberg busca extremos, até com certa perversidade, certa provocação, mas acerta seu alvo na caçada. Nos faz vítimas de seu excelente drama.
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