Criativo e excêntrico, o diretor nascido na Malásia e criado na China Tsai Ming-liang lança mais um filme no Brasil. Ming-liang é autor de obras divertidas e exageradas como o musical O Sabor da Melancia.
Mas principalmente de obras mais introspectivas, com personagens pecualiares cheios de densidade, como O Rio, O Buraco, Que horas são aí ou o menos narrativo Adeus Dragon In.
Assim é também seu mais recente Cães Errantes, que traz uma família vivendo no limite da sobrevivência.
Acompanhamos cenas do pai, vivido pelo ator-fetiche do diretor Shiang-chyi Chen, trabalhando como "homem-cartaz";
De suas crianças deixadas um pouco à própria sorte, sem parâmetros de educação, alimentação, higiene e dos locais improvisados que encontram para dormir, tomar banho, viver...
O que há de especial em Cães Errantes não são tanto os fatos da vida precária de seus protagonistas, mas a maneira poética e lacônica como eles se relacionam.
Situações lúdicas num limiar entre real e fantástico, entre "normalidade" e loucura e numa narrativa repleta de lacunas, que podemos preencher com pistas deixadas pelo filme ou com nossa própria imaginação e repertório...
O que é exagero de uma obra de arte? O que é o extremo possível em uma situação limite? O que é expressão não só da vida externa, mas também interna?
Impressões que ecoam e fazem com que nos relacionemos com o filme de maneira vertical, com imagens e situações permanecendo dentro de nós.
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