Primeiro longa do húngaro László Nemes que já tinha tido a experiência de trabalhar com o mestre Béla Tarr, diretor de O Cavalo de Turim, já comentado aqui.
Nemes mostra como as marcas do holocausto ainda podem estar presentes e serem recontadas com inovação e frescor por alguém que nem imaginava nascer nos tempos da 2a Guerra.
Nemes conta a história de um prisioneiro de campo de concentração que tenta dar um enterro digno a uma criança. O filho de Saul?
Não temos certeza. O que fica claro é a importância desse ato por alguém (destaque para o ator Géza Röhrig que testemunha todas as atrocidades possíveis naquele campo, mas não quer aceitar de maneira alguma que essa criança não possa ao menos descansar em paz.
Como disse o crítico Luiz Zanin, o fim digno é uma busca nas sociedades que viveram mortes em massa e está presente em diversos filmes como Nostalgia da Luz, também comentado aqui.
Por isso empatizamos com a busca quase insana de Saul. Sua dificuldade em ver a situação em perspectiva, que lhe deixa muito mais próximo de seu íntimo e seu particular.
A fotografia também compartilha esse ponto de vista: só vemos o que está perto, não há quadro lateral (já que a janela usada na captação é de formato quadrado) e não há foco nas ações desdobradas em 2o plano.
E nos emocionam por vermos um drama pessoal em uma tragédia coletiva, como fizeram outros filmes como O Pianista de Polanski ou Bent de Sean Mathias.
O Filho de Saul é simples, cru, talvez supervalorizado pela crítica, mas merece o crédito por sua força e precisão e nos deixa atento para o cinema de Nemes e da Hungria.
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