segunda-feira, 14 de março de 2016

O Filho de Saul (Saul fia) - László Nemes


Primeiro longa do húngaro László Nemes que já tinha tido a experiência de trabalhar com o mestre Béla Tarr, diretor de O Cavalo de Turim, já comentado aqui.
Nemes mostra como as marcas do holocausto ainda podem estar presentes e serem recontadas com inovação e frescor por alguém que nem imaginava nascer nos tempos da 2a Guerra.
Nemes conta a história de um prisioneiro de campo de concentração que tenta dar um enterro digno a uma criança. O filho de Saul

Não temos certeza. O que fica claro é a importância desse ato por alguém (destaque para o ator Géza Rhrig que testemunha todas as atrocidades possíveis naquele campo, mas não quer aceitar de maneira alguma que essa criança não possa ao menos descansar em paz.


Como disse o crítico Luiz Zanin, o fim digno é uma busca nas sociedades que viveram mortes em massa e está presente em diversos filmes como Nostalgia da Luz, também comentado aqui.

Por isso empatizamos com a busca quase insana de Saul. Sua dificuldade em ver a situação em perspectiva, que lhe deixa muito mais próximo de seu íntimo e seu particular.

A fotografia também compartilha esse ponto de vista: só vemos o que está perto, não há quadro lateral (já que a janela usada na captação é de formato quadrado) e não há foco nas ações desdobradas em 2o plano. 

Mas elas estão lá. E impactam talvez até de forma mais poderosa.

E nos emocionam por vermos um drama pessoal em uma tragédia coletiva, como fizeram outros filmes como O Pianista de Polanski ou Bent de Sean Mathias.


O Filho de Saul é simples, cru, talvez supervalorizado pela crítica, mas merece o crédito por sua força e precisão e nos deixa atento para o cinema de Nemes e da Hungria.

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