quinta-feira, 10 de março de 2016

Eu Sou Ingrid Bergman (Jag är Ingrid) - Stig Björkman


Stig Björkman é um experiente documentarista e que foi instigado a fazer esse filme em um encontro casual com Isabella Rossellini (filha de Ingrid com o diretor italiano), foi ela que lançou a ideia e lhe apontou alguns passos.


Alguns desses passos estavam dados pela própria Ingrid que escrevia muito sobre si e adorava fazer filmes caseiros. E esse material de partida já se mostrava muito rico por si só. 



E de fato é um dos destaques do documentário.
Uma maneira de apresentar Ingrid desarmada, num olhar mais intimista e bastante revelador.



O complemento dos depoimentos dos filhos, apenas aprofundam a composição do mosaico.


Mas as revelações do filme estão menos no que é dito, estão nas entrelinhas.

O filme mostra o tempo todo a mulher forte, voluntariosa, trabalhadora, impulsiva, frágil, solitária, que mergulhava no trabalho e em homens por quem se apaixonava, deixando pra trás relações, afetos e admiradores.

Também deixava em choque um público conservador que acompanhava seus grandes sucessos de Hollywood e esperavam dela um símbolo de beleza e perfeição.

Eu sou Ingrid Bergman não vai a fundo em tentar psicologizar as motivações de Ingrid, nem dos efeitos de suas ações em seus filhos ou em outras pessoas próximas. 

Algo se pode ver e sentir por uma admiração, ressentimento, raiva ou amor que escapam nos discursos. Mas muito permanecerá no mistério do olhar penetrante e sedutor da atriz e no que fica embargado em seus filhos.

Stig fala pouco da obra da atriz (mas permite captar sua magnitude de filmes como Viagem à Itália - já comentado aqui) e apenas nos traz esses guardados mais pessoais sem elaborar muito a costura.

Nos deixa com uma matéria prima crua e com a qual podemos bordar questões feministas, artísticas, mercadológicas, afetivas...

Principalmente se pensarmos o quanto uma mulher ainda pode ser condenada ao sair dos padrões de boa esposa, boa mãe e bom exemplo.

Por um lado parece um documentário simplista e pouco acabado, por outro parece ser um documentário exatamente como um documentário deve ser...
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