Os documentaristas Harun Farocki e Andrei Ujica desenvolveram uma narrativa a partir de um precioso material de registro do levante popular que depôs o ditador Nicolau Ceausescu do governo da Romênia em 1989.
Em um momento de importantes desdobramentos da Guerra Fria e com a presença cada vez mais intensa do audiovisual na vida das pessoas, Videogramas de uma Revolução é um importante ensaio com sons e imagens.
Mais do que a qualidade dos registros de transmissões televisivas, câmera amadoras e da narração e montagem que a amarram, a relevância está pelo audiovisual se tornando uma ferramenta política e um dos instrumentos de maior inserção na sociedade.
O filme dialoga tanto com importantes reportagens de TV de acontecimentos históricos (podendo inspirar filmes como Dias Verdes, de Hana Makhmalbaf), mas dialoga principalmente com as transmissões ao vivo e a relação que se traça entre o real e a transmissão do real.
O que fica de mais interessante do filme é a maneira como o audiovisual passa a ser o discurso da verdade e como os fatos reais vão se tornando espetáculo.
Assim ele pode dialogar com filmes políticos, mas dialoga também com a cobertura da morte da Princesa Diana;
Com o ataque ao WTC ou mesmo com o processo eleitoral brasileiro (ou de qualquer país).
Videogramas de uma Revolução já começa com um depoimento de uma mulher ferida no hospital: para ela é mais importante o registro da fala do que as palavras que vai usar.
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