sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Falando com Deuses (Words with Gods) - Guillermo Arriaga e outros

Falando com Deuses faz parte de um projeto de Arriaga extremamente interessante: falar de temas que causam polêmicas em nossos tempos, a ponto de causar guerras, mortes ou outros atos extremos.

O sexo e as drogas são temas do projeto, mas que Arriaga decidiu deixar pra depois, preferiu começar com a religião, por achar mais polêmico e complexo (palavras do próprio ditas ao vivo em evento da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em 2014).

Arriaga disse que inclusive foi difícil reunir tantos diretores ao redor do tema, mas pouco a pouco foi angariando seu rebanho.

No projeto não havia parâmetros em relação à história ou à religião, apenas que deveria ter uma proximidade e/ou interesse e que fosse seguido um orçamento comum.

A liberdade que poderia fazer com que os curtas / segmentos fossem mais criativos, acaba resultando em histórias muitas vezes sem graça ou sem uma direção.

Uma pena que um roteirista tão talentoso - responsável por filmes como Amores Perros, 21 Gramas, Três enterros de Melquiades Estrada e Babel - acabe coordenando um filme que tenha tantos deslizes de narrativas.

Os filmes Hector Babenco, Hideo Nakata e do próprio Arriaga tem aspectos interessantes, personagens com potencial, mas uma história que não se desenvolve muito.

Talvez por terem premissas para um longa e não terem tempo de se desenvolver e acabem se enfraquecendo com tantos pulos e lacunas.

Os filmes menos diretos e simbólicos acabam tendo mais força e sendo mais poéticos, é o caso de Ghobadi.


E principalmente Kusturica.


Entretanto filmes que se valem demais do simbolismo também terminam piegas, como o de Warwick Thornton.

Há também os diretores que ousam em discurso rebuscado sem ficar muito claro como Amos Gitai, ou os que tem um discurso tão direto que chegam a uma pregação moralista como Mira Nair

Álex de la Iglesia também tem uma narrativa mais simples e direta mas sua história que aparentemente poderia se resumir em uma piada, é feita com tanta maestria e profundidade que além do humor se torna um dos melhores da série.


Como muitos filmes de segmento, Falando com Deuses tem um resultado irregular e até pior do que outros similares como 11 de Setembro e Paris eu te amo.


E fica muito aquém de filmes que discutem a religião de maneira profunda e até metafísica como Antes da Chuva, As Quatro Voltas ou o sublime Homens e Deuses, já comentados aqui.

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