Estréia em longas-metragens do jovem diretor paulista Daniel Ribeiro.
Conhecido por seus premiados curtas: Café com Leite e Eu não quero voltar sozinho - este que deu origem ao longa: Hoje eu quero voltar sozinho, Daniel mostra amadurecimento e passa a conquistar o mundo (seu longa tem tido grande participação em festivais e ganhado diversos prêmios por todo o mundo).
Novamente retratando um cotidiano adolescente e abordando questões de sexualidade e primeiros amores, a marca de Daniel parece ser a doçura.
Personagens ternos, se relacionando de modo prosaico e gracioso, que lembram filmes como As melhores coisas do mundo, de Laís Bodanski ou Antes que o mundo acabe, de Ana Luiza Azevedo, já comentados aqui.
O triângulo entre Gabriel, Giovana e Leonardo expõe os conflitos de limite entre amizade e desejo, em situações de encantamento, conquista, ciúmes, parcerias, confidências, revelações.
Um dos aspectos mais especiais de sua história é ter um protagonista deficiente visual e homossexual, mas seus conflitos não serem apresentados como diferenciados.
Qualquer um se identifica com os problemas de Gabriel, pois ele realmente é apresentado como "qualquer um de nós", rompendo preconceitos e conquistando o público com sua "normalidade".
Ponto forte da dramaturgia e que também dá forças a sua ação política.
Sem qualquer tipo de "panfletarismo", Daniel desperta carinho por seus personagens e contribui para romper com discursos de nojo e horror de homofóbicos.
Sem qualquer tipo de "panfletarismo", Daniel desperta carinho por seus personagens e contribui para romper com discursos de nojo e horror de homofóbicos.
Além das cenas que apresentam as relações, o entorno também dá vida às personagens e deixa o cotidiano mais realista e interessante:
Como a busca de independência perante os pais ou a afirmação de personalidade perante os colegas de escola.
Como a busca de independência perante os pais ou a afirmação de personalidade perante os colegas de escola.
Daniel traz um bom elenco e um filme bastante competente.
Talvez apresentar mais nuances das personagens e dar mais tempo às cenas dessem mais ritmo ao filme e o deixassem ainda mais encantador.
Talvez apresentar mais nuances das personagens e dar mais tempo às cenas dessem mais ritmo ao filme e o deixassem ainda mais encantador.
(Algo que vemos em Azul é a cor mais quente - já comentado aqui - em que as cenas alongadas da protagonista comendo, lendo, observando, dormindo dão mais verdade à história e cativam mais o espectador).
Que venham outros hojes, outros quereres e muitas voltas...
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