segunda-feira, 21 de abril de 2014

Pietà - Kim Ki-Duk


Mais uma vez Kim Ki-Duk traz questões profundas e universais organizadas em narrativa cinematográfica...

Ao que pode chegar o total desconhecimento do amor? Carência? Angústia? Ira? Indignação? Violência? Brutalidade?

É um pouco de tudo isso que vemos em Pietà.

Aqui um órfão que não conheceu sua mãe trabalha como cobrador de dívidas de agiotas de forma extremamente cruel.

A violência excessiva parece querer provocar a moral do espectador (ou a piedade). E fazê-lo pensar nas questões psicanalíticas da criação, da maternidade e do amor.


Faz lembrar O Enigma de Kaspar Hauser de Herner Herzog, já comentado aqui. Ou mais ainda outro coreano: Old Boy, de Chan-Wook Park.
E de maneiras mais indiretas lembra também a questão da criminalidade X sentimentos X culpa X moralidade presente em Norte - o fim da história do filipino Lav Diaz, também comentado aqui.


Ou filmes de Bruno Dumont como A Humanidade, outro comentado aqui.

E ainda cruzamentos com filmes de outro mestre da provocação (e do cinema) Lars Von Trier em Anticristo ou Ninphomaniac I e II - todos comentados aqui.


Entretanto em Pietà faltou poesia. 


O filme é muito duro, tem uma estética mais pobre que seus filmes em geral (fotografia, arte, som...).

E não traz metáforas e um visual que transcenda tanto, talvez com exceção do lindo e denso plano final.

Ficam algumas sementes das relações expostas (as perdas que vemos no filme e como as pessoas se conectam).


Mas não há a riqueza de seus outros filmes ou de um filme como Dolls de Takeshi Kitano, com comentários aqui.


Filmes de Tsai Ming Liang como seu mais recente Cães Errantes - também comentado aqui.

Muitas referências e muitos diálogos, mas o resultado aqui é que sobram incômodos e falta carisma nesta narrativa, que faz com que o filme ecoe e nos faça refletir, mas que ele não nos tome como outros de seus filmes como A Ilha, Time ou Sonhos - mais um já comentado aqui...

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