Dividido comercialmente em duas partes, o filme de Lars Von Trier: Nymphomaniac traz um tema denso e instigante, muitas referências (principalmente psicanalíticas), polêmicas e uma narrativa bastante questionável.
Tanto na primeira parte, já comentada aqui, quanto na segunda parte, a narrativa é guiada pelo relato da ninfomaníaca Joe e pelos comentários de seu interlocutor, Seligman.
Essa construção simplória faz com que a história fique um pouco truncada e não flua (as ações não se seguem livremente e com ritmo).
Além disso o que é dialogado no quarto em entremeios com essas cenas das aventuras sexuais de Joe são repletas de moralismo
Se Von Trier quer nos chamar a atenção sobre o culpa, a falta de prazer no sexo, a dificuldade diante das perversões faz isso de maneira excessivamente didática e pouco envolvente.
Diferentemente de filmes como a obra-prima Os Idiotas.
Ou também Dogville e Manderlay que também compõe um mesmo projeto em dois volumes e explora a narrativa bem didaticamente, com dados, ensinamentos, silogismos e afins, mas com personagens carismáticos e diálogos mais humanizados.
Ou ainda Anticristo (inclusive citado em Nymphomaniac com direito a quase um flashback de seu belíssimo prólogo) e Melancholia - também comentados aqui - que junto com certa tese e discussões didáticas vem uma poesia visual incrível.
Aqui parece ter ficado um projeto não amadurecido e maçante.
Ou também era exatamente o que Von Trier queria provocar, trazer um filme-debate sem seduções de personagens, diálogos e poesias visuais.
Em termos de polêmicas e provocações, Von Trier é mestre, mas dessa vez ficou devendo na genialidade de linguagem.
Veremos qual será seu próximo gozo cinematográfico...
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