sexta-feira, 18 de abril de 2014

Nymphomaniac (volume 2) - Lars Von Trier


Dividido comercialmente em duas partes, o filme de Lars Von Trier: Nymphomaniac traz um tema denso e instigante, muitas referências (principalmente psicanalíticas), polêmicas e uma narrativa bastante questionável.

Tanto na primeira parte, já comentada aqui, quanto na segunda parte, a narrativa é guiada pelo relato da ninfomaníaca Joe e pelos comentários de seu interlocutor, Seligman. 

Essa construção simplória faz com que a história fique um pouco truncada e não flua (as ações não se seguem livremente e com ritmo).

Além disso  o que é dialogado no quarto em entremeios com essas cenas das aventuras sexuais de Joe são repletas de moralismo 

(mesmo quando no discurso libertário algo se impõe para condenar).

Se Von Trier quer nos chamar a atenção sobre o culpa, a falta de prazer no sexo, a dificuldade diante das perversões faz isso de maneira excessivamente didática e pouco envolvente.


Diferentemente de filmes como a obra-prima Os Idiotas.

Ou também Dogville e Manderlay que também compõe um mesmo projeto em dois volumes e explora a narrativa bem didaticamente, com dados, ensinamentos, silogismos e afins, mas com personagens carismáticos e diálogos mais humanizados.

Ou ainda Anticristo (inclusive citado em Nymphomaniac com direito a quase um flashback de seu belíssimo prólogo) e Melancholia - também comentados aqui - que junto com certa tese e discussões didáticas vem uma poesia visual incrível.

Aqui parece ter ficado um projeto não amadurecido e maçante.

Ou também era exatamente o que Von Trier queria provocar, trazer um filme-debate sem seduções de personagens, diálogos e poesias visuais. 

Em termos de polêmicas e provocações, Von Trier é mestre, mas dessa vez ficou devendo na genialidade de linguagem.

Veremos qual será seu próximo gozo cinematográfico...

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