Pouco ou não conhecido por aqui, o diretor e roteirista Alain Guiraudie chega com um filme bonito e instigante.
Um Estranho no Lago foi saudado pelos que viram nele a herança do cinema noir: construção de clima e suspense através de bela paisagem, decupagem precisa e personagens exóticos.
Todo o filme se passa em uma praia, local de "pegação" entre homens. Ali vale tudo: casais liberais, voyeurs, curiosos, promíscuos, perdidos, vorazes, buscadores...
Só não há muito espaço para o amor.
As conversas descompromissadas e que pouco a pouco se adensam entre Pierre e Henri, as buscas e investidas carentes e românticas de Pierre ou as observações perspicazes do inspetor Damroder ficam no ar.
Diálogo com os filmes franceses dos anos 40 e 50, ou com a obra-prima de Camus, O Estrangeiro, Um Estranho no Lago mostra diversos estranhos, cada um a sua maneira.
(Estranho também não ter sido muito censurado por apresentar clichês da homossexualidade masculina nem pela frieza com que constrói seus personagens.

Sem encerrar sua história e sem se completar em si, a trama fica em aberto, com lacunas, dúvidas, questões... Podemos nos projetar e tentar preencher as lacunas, mas faltam tantos sentimentos e humanidade que isso também é difícil neste filme.

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