segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Tese sobre um homicídio - Hernán Goldfrid


Segundo longa do diretor argentino Hernán Goldfrid Tese sobre um homicídio é inspirado em livro de Diego Paszkowski.


Goldfrid trabalha no cinema de gênero, construindo um bom filme de suspense policial.
A história sobre o professor de advocacia Roberto, vivido pelo ícone do "star sistem" argentino Ricardo Darín que se vê diante de um crime e se sente instigado a desvendá-lo:

Uma jovem aparece morta em frente a sala onde ele dá aulas, e alguns indícios aparecem o levando a chegar a um desvendamento do crime.

O questionamento que se faz é se ele de fato desvenda o crime ou se ele cria uma história possível com as pistas deixadas e as encaixa ou até manipula para que confirmem sua teoria, sua tese.

Essa dúvida é o que o filme poderia explorar de mais rico, como a tese colocada por Hannah Arendt e muito bem apresentada pelo filme de mesmo nome - já comentado aqui que questiona a maldade de envolvidos com o nazismo.

Em Tese sobre um homicídio a dúvida filosófica e moral, da ciência do direito e de sua prática cotidiana fica apenas como uma citação. O filme acaba explorando mais o crime em si, tentando entreter o público e trabalhando a linguagem.

Tese sobre um homicídio lembra filmes holliwoodianos, mas explora a linguagem de maneira simplória: trilha excessiva para pontuar todo o suspense desejado, alguns personagens caricatos, pontos de roteiro facilmente decifráveis, decupagem, direção de arte e de fotografia que muitas vezes parecem de publicidade, ressaltando detalhes que não merecem tanto destaque narrativamente...

Tampouco explora uma situação real e dá outra dimensão sobre a realidade (por mais ficcionalizada que fosse a proposta), como se dá em outro exemplar argentino: Abutres - também comentado aqui.

Faz lembrar tentativas latinas de diálogo com o cinema mais comercial, como o brasileiro Dois Coelhos - também comentado aqui.

E por fim resulta em um filme competente, mas numa história que não nos acrescenta nem nos instiga muito. Um caso que mesmo terminando em aberto, se encerra com o acender das luzes.

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