O quinto longa de Sofia Coppola confirma seus temas de interesse e seu estilo: história de jovens descolados, espontâneos, blases e entediados.
Sempre em meio a universos de glamour, seja glamour de fantasia de irmãs (Virgens Suicidas), de uma outra cultura (Lost in Translation), de outro tempo (Maria Antonieta) ou de Hollywood, que vimos em Somewhere - já comentado aqui - e agora em Bling Ring.
A sedução da vida de celebridades que acompanha a vida de Sofia desde seu nascimento, segue a interessando: são as figuras reais ou fictícias (claramente com inspirações de suas vivências) que lhe chamam a atenção e que trabalha em seus roteiros.
Em Bling Ring Sofia parte de um fato real ocorrido em Los Angeles no qual adolescentes começaram a invadir a casa de celebridades para conhecer mais de seus universos para se apropriar deles (furtando roupas e acessórios).
Sofia como sempre traz personagens carismáticos (tem um talento realmente especial para trabalhar com jovens, enquadra-los e nos envolver com seu frescor).
Mostra seus cotidianos de futilidade e ensaia tocar em conflitos universais desse momento de descoberta de personalidade: a insegurança, a busca de identidade, a turma, os sonhos, a crueldade do ambiente escolar, a distância dos pais, as festas...
Porém o ensaio não se concretiza pois a própria Sofia parece se seduzir mais pela sedução pela curiosidade por fofocas e por moda que esses jovens tiveram, do que o que pode estar por trás disso.
Quando Sofia tenta desvendar a motivação desses jovens, conclui apenas com um registro de como eles agiram, como se isso bastasse, como se os jovens fossem completamente fúteis e não houvesse problema algum nessa futilidade, como se ela apenas quisesse apresentar um universo real e legítimo onde o foco são roupas de marca e baladas da moda e as relações se dessem mais pela ostentação de objetos do que por sentimentos.
Uma leve sugestão de decepção de um dos garotos que valoriza mais a amizade do que as aventuras dos furtos é o máximo onde Sofia consegue chegar, para os outros personagens basta que se mirem no espelho e conversem bobagens ou "se reservem o direito de permanecer calados" e talvez daí parecer terem um algo a mais.
Ao final acaba parecendo um desperdício de um bom argumento, atores, diálogos, fotografia, arte etc. Muito esforço para resultar em um filme para o TMZ, E entertainement, Caras, Contigo e similares.
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