A dupla Matthew Akers e Jeff Dupre documentou a exposição de retrospectiva da obra de Marina Abramovic realizada no MoMa em 2010.
A partir da elaboração e execução dessa exposição, Marina e as pessoas em seu entorno (parceiros, artistas, curadores, críticos, amigos, ex-maridos etc) se colocam presentes para uma reflexão sobre sua persona e sua arte.
Quem é Marina? (ou quem são Marinas). E onde ela está presente?
A moça que foi educada dura e militarmente por pais guerrilheiros e dirigentes do partido comunista na Iugoslávia. A que foi mimada pela avó religiosa. A que viveu a juventude nos intensos e libertários anos 60 e 70. A que sempre buscou seus próprios limites, seus próprios parâmetros, seus próprios conceitos e fazendo disso sua arte.
Vemos também a Marina que está na correria burocrática da produção de uma exposição. A que está introspectiva por sua retrospectiva. A que está em harmonia com seu estilo de vida e que medita e ensina pupilos. A que está presente. Mas como?
Desde as primeiras performances Marina investigava os significados dos gestos e testava os limites do corpo. Explorava as marcas que vão sendo deixadas em nós por nossa cultura, nossos hábitos, nosso gênero, nossos pais, nossos amores...
Na investigação sobre o gênero, descobriu sua "cara-metade" Ulay, artista alemão com quem criou e atuou em diversas performances.
O filme explora a relação que eles tiveram no passado (das parcerias artísticas à do casamento) através de suas lembranças e trechos dos registros das performances.
Além disso documenta seu reencontro. Nesse sentido talvez crie cenas artificiais demais, buscando emoções que poderiam soar muito construídas, não fosse a autenticidade e intensidade dos envolvidos.
Marina também se faz presente em breves depoimentos ao longo de ações corriqueiras que são registradas (cozinhando, tomando banho, se deslocando) ou em intervalos de seu intenso cotidiano.
Mas, principalmente, Marina se faz presente na principal performance que integra sua retrospectiva no MoMa: The Artist is Present.
Marina elabora uma nova performance na qual se coloca presente pelos três meses de exposição. Apenas Marina em uma sala recebendo pessoas e trocando olhar com elas por quinze minutos.
Em princípio é fácil acompanhar a concepção da performance e repetir a pergunta tão ouvida por Marina em toda sua trajetória: "isso é arte?".
Com a abertura da exposição começamos a ver que pode haver um significado importante com esse gesto. Mas só com o passar do tempo (foram mais de 700 horas em que Marina esteve ali presente) e com as diferentes reações do público que vamos tendo a dimensão de seu gesto.
Começamos a descobrir a Marina que transborda de amor e que quer compartilhar esse afeto dedicando quinze minutos de olhar puro, direto e por isso tão intenso a cada um que se interessa por se sentar à sua frente.
Vemos pessoas estranhando, se constrangendo, julgando, mas, principalmente, vemos pessoas se comovendo por se sentirem olhadas verdadeiramente. Vemos a emoção de pessoas que se sentem reconhecidas, tocadas, amadas...
Como um terapeuta que pode "libertar" um paciente pelo simples gesto de escutar, Marina parece libertar e engrandecer pessoas com o simples gesto de olhar.
Carência dela que precisa de interlocução para seu amor intransitivo? Ou generosidade sem limites?
O que é certo é sua singularidade. E como essas questões que suscita faz com que os formatos da arte possam seguir sendo transformados, que o papel da arte possa seguir sendo questionado, que as performances que parecem tão datadas e desgastadas possam se renovar e que a própria Marina possa se reinventar a partir de si mesma.
Linda experiência. Feliz de quem pode estar presente ao vivo. Mas feliz também os que podem ver o filme. Marina Abramovic: the artist is present.
Presente para nós.
Além disso documenta seu reencontro. Nesse sentido talvez crie cenas artificiais demais, buscando emoções que poderiam soar muito construídas, não fosse a autenticidade e intensidade dos envolvidos.
Marina também se faz presente em breves depoimentos ao longo de ações corriqueiras que são registradas (cozinhando, tomando banho, se deslocando) ou em intervalos de seu intenso cotidiano.
Mas, principalmente, Marina se faz presente na principal performance que integra sua retrospectiva no MoMa: The Artist is Present.
Marina elabora uma nova performance na qual se coloca presente pelos três meses de exposição. Apenas Marina em uma sala recebendo pessoas e trocando olhar com elas por quinze minutos.
Em princípio é fácil acompanhar a concepção da performance e repetir a pergunta tão ouvida por Marina em toda sua trajetória: "isso é arte?".
Com a abertura da exposição começamos a ver que pode haver um significado importante com esse gesto. Mas só com o passar do tempo (foram mais de 700 horas em que Marina esteve ali presente) e com as diferentes reações do público que vamos tendo a dimensão de seu gesto.
Começamos a descobrir a Marina que transborda de amor e que quer compartilhar esse afeto dedicando quinze minutos de olhar puro, direto e por isso tão intenso a cada um que se interessa por se sentar à sua frente.
Vemos pessoas estranhando, se constrangendo, julgando, mas, principalmente, vemos pessoas se comovendo por se sentirem olhadas verdadeiramente. Vemos a emoção de pessoas que se sentem reconhecidas, tocadas, amadas...
Como um terapeuta que pode "libertar" um paciente pelo simples gesto de escutar, Marina parece libertar e engrandecer pessoas com o simples gesto de olhar.
Carência dela que precisa de interlocução para seu amor intransitivo? Ou generosidade sem limites?
O que é certo é sua singularidade. E como essas questões que suscita faz com que os formatos da arte possam seguir sendo transformados, que o papel da arte possa seguir sendo questionado, que as performances que parecem tão datadas e desgastadas possam se renovar e que a própria Marina possa se reinventar a partir de si mesma.
Linda experiência. Feliz de quem pode estar presente ao vivo. Mas feliz também os que podem ver o filme. Marina Abramovic: the artist is present.
Presente para nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário