quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O Verão do Skylab - Julie Delpy


Atriz francesa conhecida tanto por produções européias como A Igualdade é Branca, do mestre Kieslowski; quanto americanas, como Flores Partidas, de Jim Jarmush , Julie Delpy tem se dedicado cada vez mais à direção.

Talvez inspirada pela participação na série Antes do Por do Sol / Amanhecer / Meia-noite, de Richard Linklater - já comentados aqui -, na qual teve participação intensa na construção da personagem e elaboração do roteiro.

Delpy começou a por causos com inspirações biográficas nas telas.

Em O Verão de Skylab, ela tenta fazer uma síntese de verões em família no interior da França, tentando mostrar a riqueza, o caos e a multiplicidade do convívio familiar.

D
elpy trafega entre anedotas e temas profundos, mas se perde um pouco na dosagem. Não atinge nem a leveza de suas passagens cômicas e nem dá a dimensão de questões importantes abordadas (seja o primeiro amor, incesto ou política).

Busca certa espontaneidade, mas diversas vezes resvala em caricaturas.

Da pré-adolescente em busca de seus primeiros amores, da relação entre primos de cumplicidade e disputa, dos conflitos ideológicos entre irmãos, do reflexo dos que viveram uma guerra, das cobiças às mulheres do próximo, da fragilidade da 3a idade, da apreensão com a possível colisão com um satélite (skylab).

Mérito para a direção de atores, na qual consegue diálogo entre crianças sem experiência, atores pouco conhecidos, atores mais populares, como Noémie Lvovsky (de Camille outra vez, comentado aqui) e mesmo a diva Emanuelle Riva, recém destacada em Amor, de Haneke (comentado aqui).

Acaba com um filme bom, mas irregular, remetendo a esse pout-pourri de referências, e deixando a semente de muitas boas possibilidades que poderiam amadurecer (por exemplo se não usando recursos primários de flashback ou dando mais tempo para o desenvolvimento das cenas - lição que poderia vir da experiência com Linklater).

Talvez encontrar seu lugar entre o Pântano de Lucrecia Martel (também comentado aqui), Um conto de natal, de Arnaud Desplechin (comentado aqui) ou Love is all you need, de Susanne Bier (comentado aqui).

Instigada e instigante, Delpy parece ter material para novas e mais intensas experiências cinematográficas, que venham!

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