Segundo filme lançado da série Iconoclássicos produzida pelo Itaú Cultural.
Agora foi a vez de Cao Guimarães enfrentar Paulo Leminski e um de seus livros mais importantes, Catatau.
Dizem ser um dos livros mais difíceis e ousados de Leminski, o que se percebe pela própria premissa: "e se Descartes teria vindo ao Brasil com Nassau?".
Não li o livro, mas no filme vejo um personagem silencioso, curioso, instigado e quase intimidade com o que vê de nossa cultura. Certo deslumbramento com a paisagem natural, curiosidade com comidas, pessoas, música, dança, etc.
A construção do filme é interessante pois é uma espécie de docudrama, o videoartista Cao coloca o interessante ator João Miguel em situações construídas e situações improvisadas:
Ele rema por belas paisagens, interage no mercadão provando comidas, pedindo um corte de olho de peixe, dança com pessoas na rua, se mimetiza com manequins...
Ele rema por belas paisagens, interage no mercadão provando comidas, pedindo um corte de olho de peixe, dança com pessoas na rua, se mimetiza com manequins...
Um filme muito sensorial, bonito, poético.
Mas cansativo.
Talvez excessivamente intelectual e hermético, muitas vezes não me alcançou...
E outras me deixou com impressões ambíguas e que difíceis de avaliar sem ter lido o livro... Falas como "o índio não pensa, o índio come aquele que pensa", ou colocação do próprio Leminski em relação ao seu livro e que fecha o filme: "o Catatau é o fracasso da lógica cartesiana branca no calor, o emblema do fracasso do projeto batavo, branco, no trópico".
Como diria o amigo escritor e cineasta, Daniel Salaroli, parece uma frase um pouco simplista pra concluir um filme/livro que parecem mais complexos do que colocar que um tipo de pensamento não é possível por uma geografia ou cultura...
Ficam então diversas dúvidas, cansaços pela extensão do filme e imagens e palavras que ecoam...
Matas brasileiras, diversidades de um mercadão, jogos de palavras que tanto me encantam, misturas de texturas lindamente construídas na tela e poesia pura como a frase:
"A reta é o pior dos labirintos".
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