Diretor sensível, ousado e talentoso, Karim já conquistou o público com seu primeiro filme: Madame Satã - forte, interessante e autêntico.
Seguiu em produções mais intimistas como belo Céu de Sueli e Abismo Prateado - já comentado aqui.
Em sua estréia mais recente, Praia do Futuro, Karim retoma o tema de encontro entre personagens solitários.
No acaso de um acidente, um aventureiro alemão conhece um salva-vidas brasileiro e começam um romance, vivido na ponte aérea Ceará-Berlin.
Karim constrói muito bem a paixão entre esses dois homens: as conversas, o gestual, o toque...
Enriquecendo a última safra dos bons filmes gays brasileiros como Tatuagem e Hoje eu quero voltar sozinho, também comentados aqui.
Enriquecendo a última safra dos bons filmes gays brasileiros como Tatuagem e Hoje eu quero voltar sozinho, também comentados aqui.
Em Praia do Futuro, o foco é o idílio, e as lacunas narrativas e dramáticas não fazem falta no início, tornam até o filme mais poético e instigante.
Entretanto, com a progressão da trama, não há um adensamento da história ou das personagens que acompanhem.
Karim parece querer falar de conflitos e angústias que estão além dos fatos e que talvez não pudessem ser expressados em palavras, mas não nos dá todo o material suficiente para nos envolvermos, como fez tão bem Jacques Audiard em Ferrugem e Osso, também comentado aqui. Ali as fraturas dos personagens se faz mais presente, e por mais que não haja uma radiografia explícita há material para nos aproximamos mais das emoções.
A temática de Praia do Futuro é extremamente rica: homossexualidade, preconceito, despatriamento, separações, falta de rumo, coragem, covardia, desafios.
A poesia também está presente: diálogos entrecortados, expressões contidas, lindas locações.
Mas faltou um pouco mais para mergulharmos plenamente na história, como ela merece.
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