domingo, 27 de julho de 2014

O médico alemão (Wakolda) - Lucía Puenzo


A roteirista e diretora argentina Lucía Puenzo se debruçou sobre uma passagem verídica na história de um dos principais médicos de atuação no nazismo Josef Mengele em O médico alemão.


Com uma biografia digna de vilão dos piores thrillers e filmes de terror possíveis, Mengele foi autor de diversas experiências médicas atrozes e desumanas: desde pintar olhos de pessoas com tintas, até costurar e mutilar pessoas indiscriminadamente.

Assim, Lucía começa sua história numa narrativa intimista, dentro de uma família simples na região da Patagônia na Argentina.

A família está de mudança, assim como o "médico misterioso" e eles vão para um cenário isolado e peculiar: um hotel herdado por familiares e que será reaberto (nos fazendo lembrar de O Iluminado, de Kubrick).


A relação da família com o médico é intermediada por Lilith, uma adolescente com problema de crescimento.



Esse é o ponto de partida envolvente, instigante e promissor, que faz com que o médico se interesse e "invista" na família.

Mas e a garota?
Qual o seu fascínio em relação ao médico?

A possibilidade de que ele a cure?
Um flerte com o homem mais velho?
Um jogo de sedução com uma situação de mistério e perigo?

Essas perguntas ficam no ar e não são desenvolvidas, e aí o filme se enfraquece.

Nos leva a um olhar muito próximo dessa personagem, mas não a aprofunda. Não conhecemos mais sobre suas motivações, não vemos nuances, nem dimensões. Metáforas de um jogo de "bonecos" se ensaia, mas não se constrói propriamente.

A família se confirma como vítima do médico com promessas de salvação e ações de algoz, e a trajetória da menina é interrompida.

Bom argumento, cenários e fotografias não seguram o roteiro fraco e atuações e direção de atores irregulares.

O problema do filme acaba não sendo a menina não crescer de tamanho, mas de não amadurecer. Ela não parece afetada pela traição. E o público não se afeta muito com a ficção.

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