Homenageado na Mostra Indie 2013, o diretor francês Jean-Claude Brisseau ganha retrospectiva e tem muitos de seus filmes apresentados ao público brasileiro.
Entre eles seu filme mais recente: A garota de lugar nenhum.
O filme tem um clima intimista, muito dado pelos aspectos autobiográficos da narrativa. Além do filme ser protagonizado por Brisseau, a locação principal do filme é o seu próprio apartamento.
Assim, muitas das conversas parecem ter aspecto realista, tanto no conteúdo quanto no ritmo e também na maneira como são filmadas.
O filme apresenta principalmente a relação de Michel, um ex-professor de matemática com uma jovem de rumo incerto, espécie de pária da sociedade, um "anjo caído".
Ali eles conversam sobre o livro que Michel está escrevendo e que fala sobre crenças, religião, ateísmo, sentido da vida...
E as conversas seguem assim com tom filosófico.
Tema bastante interessante, mas que vem numa linguagem pouco trabalhada.
E pelas raras cenas que fogem ao diálogo dentro do apartamento, se vê o potencial imagético de Brisseau.
Com certo tom místico, lembrando o mestre Kubrick e suas imagens fantasmagóricas de O Iluminado, mas num universo mais particular e menos grandiloquente.
Falta um trabalho de personagens, que poderiam ser mais instigantes e tridimensionais e assim parecerem mais reais. Esse trabalho poderia ao mesmo tempo deixa-los mais humanos e mais misteriosos, nos aproximando da trama.
A garota de lugar nenhum tem sementes preciosas plantadas, mas a colheita poderia ser mais frutífera.
Talvez em outros exemplares da Mostra Indie...