quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Triângulo Amoroso (3) - Tom Tykwer


O diretor e roteirista alemão Tom Tykwer não pode ser acusado por falta de criatividade ou experimentações, destacado após o interessantíssimo Corra, Lola, Corra - verdadeiro exercício de linguagem;

Seguido pelo denso, mas também dinâmico A Princesa e o Guerreiro, depois por experiências internacionais: os hollywoodianos Paraíso e Perfume - a história de um assassino, ou o  coletivo Paris, te amo;


Tykwer parece agora ambicionar tramas mais dramáticas e maduras, ao menos é o que parece com Triângulo Amoroso.

Partindo de questões de um casamento de vinte anos de um casal na faixa dos 40: tédio X paixão, cumplicidade X novidade, ter filhos X não ter, ser filho X ser pai, profissão X relação, renovar X envelhecer... 

Tykwer constrói a história de Hanna e Simon que passam por situações como embates ideológicos profissionais dela (que trabalha com ciência genética), por câncer dele e de sua mãe, por dúvidas sobre ter filho e pela paixão de ambos por outrem...

Está armado o circo para o triângulo...


O problema é que Tykwer se perde entre tantas ideias e acaba construindo realmente um circo...

O filme começa com jogos de linguagem em mosaicos de telas divididas e efeitos  (que instiga ao princípio, mas depois se perde e parece deslocado - lembrando um pouco brincadeiras similares feitas por Cédric Klapisch em O Albergue Espanhol); 

Em seguida se passa à história de forma mais convencional: apresentação das personagens e afins; com as questões de doenças e possibilidades de morte vem efeitos espiritistas, que também dispersam no acompanhamento realista que se faz na maior parte do filme; 

E por fim as excessivas coincidências em torno do triângulo e o final inverossimelmente harmonioso acabam diluindo a força de questões tão complexas e profundas que são abordadas.

Discutir a monogamia, a opção sexual, o desejo X o amor são questões extremamente interessantes, ricas e profundas - vide inclusive o post anterior com comentários sobre Tomboy, entretanto aqui há muitas janelas abertas e algumas pontas parecem ficar soltas (ou gratuitas e desnecessárias).

Tykwer parece estar em busca de um caminho com temas mais densos, mas parece faltar umas aparadas nas arestas para chegar lá...

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