Depois de seu excelente filme anterior,
Deixa ela entrar, "filme de terror lírico", daqueles que ficam com o espectador (inclusive com lembranças que melhoram e se adensam com o passar do tempo) pela graciosidade e profundidade da relação de dois meninos em meio a uma história de vampiro...
Deixa ela entrar, "filme de terror lírico", daqueles que ficam com o espectador (inclusive com lembranças que melhoram e se adensam com o passar do tempo) pela graciosidade e profundidade da relação de dois meninos em meio a uma história de vampiro...
Agora o sueco Tomas Alfredson se arrisca ao clássico livro de John le Carré, para falar dos bastidores do Serviço de Inteligência do Reino Unido em uma época de extrema desconfiança e violência, os anos 70 e sua Guerra Fria.
Tema interessante, bom trabalho técnico (fotografia, som, arte...), ótimo elenco, porém o roteiro é mal construído. Segredos e não linearidades exageradas, que ao invés de deixarem a trama instigante, a deixam confusa e cansativa.
Quase nada acontece no presente, mesmo situações que acabaram de acontecer, são sempre relatadas por um dos envolvidos.
Assim as narrações se tornam extremamente excessivas, atravancando a fluidez dos fatos e fazendo com que as cenas sejam relatos ilustrados com alguns quadros praticamente estáticos dos acontecimentos.
As traições, assassinatos, diálogos perdem todo seu caráter de ação (aviões e carros aparecem estacionados e sexo e flagrante são vistos em plano geral), que poderiam aproximar o filme de sucessos como a sequência 007 ou a trilogia Bourne.
Ou ainda exemplos de tramas policiais ou de suspense mais elaborados e profundos, como outra adaptação de Carré, O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles ou o excelente exemplo alemão Os Falsários.
Ao final, Tomas acaba desgastando o espectador e fazendo diluir questões interessantes deste Espião, como a moral humana em relação à vida, as questões pessoais em relação às questões de Estado, os custos de se manter a ordem de um país, as crises de consciência etc.
Talvez com o sucesso, ele tenha querido explorar muitos aspectos da trama com muitas desconstruções de linguagens e tenha se perdido de pequenos focos mais instigantes (como era o caso de Deixa ela entrar...).
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