Longa de estréia dos peruanos Daniel e Diego Vidal.
Outubro é maduro e instigante, mas sinto que falta algo...
As personagens áridas, que para alguns foram vistas como realistas, para mim não são. Me atraio e me interesso pelo seu cotidiano sem glamour, sem esperanças, seco e cinza (inclusive assim registrados, vide a direção de foto e de arte), porém eles estão lacônicos a um ponto que pra mim perdem um pouco a verossimilhança...
Não haver soluções para os conflitos até adensam a trama, mas não descobrir quais são os reais conflitos das personagens... Principalmente do protagonista...
Nos afligimos por ele, esperamos reações suas, ele esboça uma redenção, mas ao final não sabemos qual o seu caminho... E o que pra mim me distancia: não vejo suas motivações...
Nos afligimos por ele, esperamos reações suas, ele esboça uma redenção, mas ao final não sabemos qual o seu caminho... E o que pra mim me distancia: não vejo suas motivações...
Mostrar que ele não sabe para onde seguir pra mim resulta num mérito do filme, mas não mostrar por que ele deve seguir, aí já me desconecta um pouco...
Esse excesso de aridez além de se desgastar no roteiro, na interpretação e um pouco na direção de arte e na fotografia, se desgastam principalmente na montagem, onde para reforçar o silêncio e certas não ações há sempre uma dilatação do tempo, com planos que começam um tanto antes de se ver a ação e que terminam depois delas terminarem...
Após ver as origens indígenas dos peruanos no instigante Teta Assustada (relembre) (que ganhou prêmios, abriu os olhos de público e de crítica para o cinema peruano e trouxe questões originais e profundas às telas);
Após ver conflitos sócio-homo-psicológicos de um triângulo amoroso de região simples pesqueira da costa peruana no irregular mas denso Contracorrente (relembre), agora foi a vez de uma versão menos típica, mais simples... A classe média baixa de Lima, personagens decadentes e a falta de visão e de esperança...
Compartilho com eles a dureza, a pobreza, as dificuldades, mas gostaria de ver mais brilho. Não o brilho de paetês nem da maquiagem, nem tampouco das jóias penhoradas pelas personagens, mas o brilho interior das pessoas...
O brilho de latinoamericanos que vem despertando o interesse das pessoas mundo afora, confirmados pelo prêmio de Outubro em Cannes em 2010 e que por todos os méritos e acertos merece muito ser visto por aqui, afinal, pensar sobre certas deficiências que ele possa ter, é pensar sobre nossas origens, de cinema, de raça, de história; e porque ver isso resultado num belo filme, vale a pena...
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