segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Deixe Ela Entrar


Antes de entrar na sessão li uma matéria que dizia algo como:
"filme de terror lírico"... Curioso, mas se encaixa muito bem...
Terror sem dúvida não é meu gênero, e há momentos em que ele realmente se fia no gênero. Em alguns desses momentos parece até comprometer o filme com os excessos fantasiosos (e que por falta de recursos técnicos ficam até um pouco toscos), mas o lirismo do filme é bem envolvente... O relacionamento de um garoto e uma garota-vampira... A aproximação que eles vão fazendo, a maneira como seus cotidianos vão sendo contados, o entralaçamento, os aprendizados, o afeto... De fato é delicado, suave, bonito...
Deixemos ela entrar... Não nos tira o fôlego, mas tem sua graça!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Anti-cristo" do incrível Lars Von Trier


Raro um filme que super me estimule, que eu ache criativo, diferente, inovador...
E, no caso, Lars Von Trier consegue isso comigo SEMPRE!
Por isso o considero um dos maiores nomes do cinema atual, sem medo de falar bobagem...

Posso não gostar de todos os filmes, não achar que eles são os mais prazerosos, achá-los exagerados, mas de qq maneira sempre há qualidades e méritos!
E na maioria das vezes são obras brilhantes, vide "Os Idiotas", "Dogville", "Os Cinco Obstáculos", só para citar alguns...

Em seu último trabalho, "Anti-Cristo", novamente ousadia e irreverência...
Trier inicia o filme com imagens primorosas que dialogam com o uso de imagens pelas artes plásticas... Algo entre o videoclipe, a videoarte, poesia visual total!

Depois entra num filme intimista super psicológico com interpretações mto competentes!

E daí começa a entrar numa viagem mais exagerada...
Q me lembrou mto o Kucrick em "O Iluminado" e David Lynch de maneira geral...

Além disso, nessa viagem zilhões de referências mitológicas e psiqui-psicológicas...
Pra pensarmos em nossos demônios mesmo! Anti-cristo total!

Exageros e distorções a parte, o filme é incrível!

Pra reforçar tudo que já sou de fã e para seguir cada vez aumentando minha idolatria!!!

domingo, 27 de setembro de 2009

Homem que Sabia Demais


Tenho ido pouco ao cinema, e os últimos que vi, sinto que preciso parar e relembrar, digerir um pouquinho antes de escrever...

Enquanto isso, às vezes na ausência da telona, me divirto mesmo com a telinha...

DVDs e filmes no cabo pra mim são mais para rever...
Revejo mto mais do que vejo em premieres...

Mas sábado passado aproveitei que nunca tinha visto esse clássico de Hitchcock inteiro...

Na verdade Hitchcock é uma das minhas heresias cinematográficas, pq não curto mto... Ñ é meu estilo, tipo de filme...
Mas não é que me diverti com esse... Pq uma coisa é certa, o cara sabe como fazer uma história intrigante e se vc cai na dos personagens dele... Aí pronto! Está feita a diversão...

E ali, além de um suspense que envolvia política e culturas diferentes, tinha também o conflito familiar com sugestões de questões interessantíssimas... Como da mulher que abandonou sua carreira para acompanhar a carreira do marido e onde se vê a injustiça e o pesar disso...

Além disso sempre tudo impecável: trilha, cenários, foto... (mesmo com o backprojection hj já tão ultrapassado)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Bem-vindo

Um rapaz curdo que para estar ao lado de sua namorada atravessa vários países na europa e tenta chegar na Inglaterra.
Para isso acaba se aproximando de um homem de meia-idade recém divorciado e cheio de angústias e conflitos; eles acabam se aproximando e compartilhando histórias e pontos de vista...

Vi o trailler e gostei mto, fiquei super interessada, temática profunda, interessante, complexa - ainda mais q ouvi elogias e críticas positivas, mas...

Talvez até por isso tenha ficado com mtas expectativas tb... Mas o fato é que o filme se mantém meio morno: começa envolvente, interessante, mas não progride mto ao longo de seus 110 minutos e no fim ainda traz reviravoltas e desfechos meio exagerados que destoam mto de um tom mais realista e despretencioso do restante (despretensão que harmoniza mto mais com ele, inclusive!).

No balanço se torna um filme acima da média, mas longe de ser um filme memorável...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Horas de Verão

Sem dúvida que é um bom filme: questões profundas, bons atores, sutilezas...
Gosto tb de momentos despretenciosos e menos alinhavados
(por exemplo nas cenas com os adolescentes)
e tb de momentos em que tudo é apresentado meio ao mesmo tempo, em certo tumulto bem realista...

Dá uma verdade e uma profundidade maior ao filme!

Entretanto falta algo...

Vi na Mostra, onde acabo ficando mais exigente com os filmes
(talvez devido à quantidade que vejo e que me dá mais parâmetros)
mas ainda assim, pensando em retrospecto, percebo que nenhumá personagem me cativou mto e acho que isso é essencial...
Dramas com tanto potencial, mas se alguém não faz uma boa apresentação e encadeamento...
acaba deixando o filme apenas bom...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A Garota de Mônaco

Falando em cinema francês...
Devido ao encaixe de tempo e espaço fui ver A Garota de Mônaco - daqueles filmes que vc tem alguma simpatia ao ler a sinopse e ficha técnica, mas que tb não chega a nenhuma empolgação...

E não era pra empolgar mesmo... Apesar de alguns bons momentos e de algumas qualidades, o filme deixa muito a desejar...

A história é fraca: um advogado que por conta de um caso vai para Mônaco e passa a ter um guarda-costas. Ao longo de sua estadia também conhece uma jovem com quem começa um relacionamento...

O que não conquista é que não acompanhamos muito nem o caso que ele está defendendo - temos pistas bem rasteiras mas só no fim tudo é dito (e a trama se fosse bem trabalhada seria bem interessante; a relação entre ele e o guarda-costas também fica um pouco no ar, começa muito bem, com várias diferenças e trocas entre eles, mas que no momento em que deveria ficar mais denso, o narrador desiste de contar motivações, conclusões, sentimentos... Ficamos por nossa conta e daí só nos resta conclusões mais pobres e repentinas; com a relação entre ele e a tal "garota" também acontece um pouco isso: ela vai se construindo, se construindo, começa a se problematizar e daí pra resolver vem as soluções mais bobas e primárias...

Com um bom ator, belos cenários, acontecimentos interessantes o filme não chega a desagradar, mas fica numa mornidão bem meia-boca...

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Inimigo Público #1










Filme francês de ação:
trama acima da média para o gênero,
bons diálogos,
aspectos técnicos competentes,
bons atores...

Bom filme.

Mas também nada de excepcional,
como um Bourne, mas com menos pirotecnia...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há Tanto Tempo que te Amo - Philippe Claudel

Drama psicológico forte, denso, profundo! Estréia do escritor Philippe Claudel na direção, se atreveu a fazer uma trama em um dos meus gêneros preferidos e que há alguns meses não me dava um exemplar tão bom!

A história de uma mulher que está saindo da prisão após 15 anos e que está voltando à vida em sociedade. Sua volta se dá a partir da acolhida na casa de sua irmã. Seus motivos, suas dores, seus segredos, suas redescobertas e a convivência com todo o círculo de relações da família da irmã, com sugestões de outras relações e conflitos muito ricos tb é o que acompanhamos por duas horas.

(esses outros conflitos são algo que tb adoro, pois são pontas soltas, variedade de pontos de vista e situações, que nos aproximam mais da vida real... ñ é um recorte falso e providencial...)

E a construção lacônica, misteriosa e truncada da protagonista é o que vai fazendo com que o interesse seja despertado pouco a pouco.
Aproximamos nosso olhar daquela figura misteriosa, ora repulsiva, ora atraente.
As atuações são decisivas para isso: Kristin Scott Thomas está muito bem no papel, lembrando divas do cinema como Isabelle Huppert e Catherine Deneuve.

E aos poucos a trama vai sendo revelada, desde suas personalidades, suas vivências... Até chegarmos ao fato central que é profundo, complexo, ambíguo e extremamente comovente.

Filme muito bom e que chama atenção principalmente em tempos de escassez de qualidade...

Divã

Vi o filme como material de pesquisa e tb por curiosidade especial pelo cinema nacional - seus experimentos e tentativas.

Por conta de circunstâncias, vi em DVD (o que raramente faço, pois gosto que minha primeira experiência com o filme seja de forma mais plena. DVD é bom para rever!).


Mas, no caso, confesso que fiquei feliz, teria sido um desperdício ir ao cinema para ver uma trama tão novelesca, com uma seqüência tão grande de caricaturas e clichês!
Se salva uma outra ou outra piada, um ou outro comentário. Para mim, nem mesmo a atuação de Lilia Cabral, que foi bem falada, passa...

Tudo me soa mesmo como sitcomzinha barata...

terça-feira, 21 de julho de 2009

Apenas o Fim - Matheus Souza



Independente do que ache do filme, a iniciativa é bem bacana!

Filme feito com uma idéia na cabeça, uma câmera na mão e amigos ao redor...



O elenco está bem, algumas saídas simples e funcionais de cenário e recursos (parcos e que fazem falta na qualidade das imagens - inclusive há tentativas de drible com alguns momentos de "brincadeiras" de linguagem, como cortes na tela, repetições de quadro, etc, mas que destoam do resto e não levam a lugar nenhum...)

Sinto referências interessantes como Antes do Amanhecer / Pôr do Sol de Richard Linklater, que tb me inspira mto pela simplicidade, despretensão, intimismo e sensibilidade...


Me lembra de leve filmes do Rohmer, filmes de Woody Alen, Jorge Furtado, ou seja, filmes D.R.: em Apenas o Fim o casal segue em uma longa conversa-despedida, onde apresentam suas diferenças, afinidades, personalidades, lembranças, planos... Diálogos agradáveis, saborosos, às vezes banais demais...

Tudo para sair aplaudindo, mas falta algo... Emoção!

É uma despedida, mas não há emoção e isso acaba esvaziando mto tudo que acontece, até mesmo os diálogos que são tão charmosinhos...

Faltou se debruçar mais sobre Antes do Amanhecer e estudar a curva de emoções do casal...

Ali, tb há uma despretensão e não há casos de vida ou morte, mas o fato do casal não se conhecer cria emoções que vão da curiosidade inicial, passa pelo jogo de sedução, entrega, questionamentos, esperanças, expectativas até a aflição de uma despedida...

Apenas o Fim fica numa certa mornidão que acaba esgotando a simpatia e o bom humor com que tudo é tratado, nos fazendo nos perguntar se não seria melhor que fosse um curta...

E uma pena, pois com uns cuidados a mais isso não aconteceria...

Aguardemos então o próximo passo do novato e promissor diretor Matheus Souza!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Paris


Famílias, amores, sentidos de vida, amizades, relações com uma cidade...
Paris!

As tramas até são interessantes, mas não se adensam muito e perdem um pouco da sua força e fôlego ao longo do filme...

Bom elenco, certo ritmo, qualidades técnicas, mas sem nenhum algo mais...


ps: de qq maneira interessante ver um filme de temas maduros depois dos juvenis Albergue Espanhol e Bonecas Russas, do diretor... Mesmo porque começou bem com Albergue, mas decaiu mto bom Bonecas...

terça-feira, 7 de julho de 2009

De Repente Califórnia

Falta de opção, filme na brecha de horário em que tinha, vamos lá...
Uma certa perda de tempo ter ido,
mas que me renderam algumas reflexões:
Antes de entrar na sessão li "O.C. gay",
com referência ao seriadinho adolescente...
Na mosca! Um romancezinho de adolescentes, com interpretações caricatas, musiquinhas pré-adolescentes, trama simplória e ligeiramente maniqueísta, fotografia sem graça e por aí vai...


Se o filme tem algum diferencial é que com toda a mesmice que tem, surpreende que o casal protagonista seja gay...

E daí a observação: vi esse filme no Espaço Unibanco,
mesmo ele sendo digno de um Cinemark...


Uma crítica feroz aos dois espaços e aos dois tipos de público: ao Cinemark e seus freqüentadores por não se julgarem prontos pra ver relações homossexuais de olhos abertos e ao Unibanco, por achar que um filme pode se bastar com alternativo simplesmente por ter relações homossexuais...

Se o filme tem algum ponto positivo por existir, por usar uma linguagem mais popular com um romance homossexual, a maneira como foi lançado (ao menos em sp) distorce qq mérito possível...


(por outro lado, essa continua sendo uma conquista que vejo e que me orgulho de vivenciar em nossa sociedade nos dias de hj... a revolução sexual do século XXI: uma maior aceitação da homossexualidade e que ganha espaço a cada dia...)

quarta-feira, 1 de julho de 2009

A Partida













Boa trama, original, interessante, assuntos densos...

Um violoncelista que vai trabalhar em uma agência funerária e tem seu casamento e suas relações familiares questionadas por isso: ótima premissa!

E boa condução tb, mas há um certo desequilíbrio oriental:
ora há a delicadeza, laconismo, minimalismo (que me instigam e agradam mais)
e ora há uns excessos de comicidade e sentimentalismo
(lembro qdo vi trechos de uma série japonesa um tempo atrás e fiquei horrorizada com a semelhança com o tom mexicano de exageros)

E A Partida às vezes dá essas derrapadinhas... Tá numa trama dramática e de repente quer fazer humor físico com seus personagens, colocando caretas estranhas e excessivas, ou qdo tá se encaminhando pro final, momento em que vc está super envolvido e instigado e que aí é interrompido por um momento musical que é quase um clipe - uma grua que fica passeando, dando voltas e mais voltas no protagonista... Acabo me afastando um pouquinho com isso...

Mas ainda assim, os méritos se sobressaem! Principalmente em tempos de filmes meia-boca, valeu a pena!!!

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Os Falsários










6o filme nazista do ano...

História boa, mas confesso que já não sinto mais qq frescor no tema...

Ainda que desses filmes, cada abordagem tenha sido super específica e sem mtas semelhanças entre si...
Neste caso uma história bem específica...
Um falsário que é aproveitado pelos nazistas para fazer trabalhos mais específicos do que os habituais de campos de concentração...

No fim, acaba se revelando um momento e um projeto bem pontual e de extrema relevância em toda história da 2a guerra...

Além de ser um filme muito competente com destaque para um elenco primoroso e uma belíssima trilha sonora...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Gran Torino - Clint Eastwood

Tiro meu chapéu a diretores que trazem universos, visões de mundo e uma moral tão diferente da minha (e não necessariamente de uma maneira positiva), mas que ainda assim me prendem, me divertem e me instigam...

Não sou uma grande conhecedora de Clint Eastwood, já que não gosto de faroestes e afins, mas em filmes recentes, Clint realmente me pegou...
Desde a adaptação do maravilhoso livro de Dennis Lehane - Sobre Meninos e Lobos, em que ele faz um filme complexo, contundente, cheio de sentimentos e ainda assim com a secura e concisão típicas dele!

O seguinte, Menina de Ouro, é novamente um primor de manipulação de sentimentos: ele te envolve em um universo de uma menina que quer vencer no boxe (o que em si já é algo que naturalmente não me atrairia nem um pouco) e no meio do filme subverte o próprio filme e aborda a questão de uma história de amor diante da dúvida e da angústia da eutanasia.

Depois os elogiados filmes sobre Hiroshima (Cartas de Iwo Jima - bom, mas durão demais pra mim e A Conquista da Honra - que acabei não vendo).

Um tropeço com A Troca, que é bem mais fraco
e uma volta triunfal em Gran Torino!

Demorei pra ver e já não sabia bem o que esperar diante de comentários entusiastos e mornos...
Mas me diverti muito, tanto por ver a caricatura que Clint faz de si mesmo tão bem construída, como por conseguir alcançar um além desse personagem... Dá pra se aproximar e entender um pouquinho dessa figura durona vinda dos "bang-bangs"...
E ver o tema dos estrangeiros nos Estados Unidos, dos contrastes de culturas, dos choques, das brigas, das gangues... (representado principalmente por excêntricos e simpáticos "chineses")

Do bang-bang ao gang-gang, Gran Torino é um filme que vale a pena!


terça-feira, 26 de maio de 2009

Desejo e Perigo (Lust, caution)




Ang Lee é sem dúvida um diretor de qualidade...


Alguns filmes saborosos como Comer, Beber e Viver
ou de densidade e sensibilidade como O Segredo de Brokeback Mountain.

Mas a vontade de ser novelesco ou pop demais estão lá...

E às vezes transborda demais em filmes chatinhos
como Razão e Sensibilidade
ou no entediante O Tigre e o Dragão.

Sem dúvida não é falta de competência,
é apenas questão de gosto mesmo...

Por exemplo no recente Desejo e Perigo:
cenas belíssimas, atores muito bem dirigidos,
figurino, fotografia, música, reconstituição de época...
Tudo quase impecável, não fosse a trama
que vai se arrastando até chegar no romance de folhetim,
vai perdendo a surpresa, perdendo a graça,
perdendo estofo, se perdendo...

Que Ang Lee se reencontre em filmes mais profundos nas próximas!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

FilmeFobia - Kiko Goifman







Minha relação com Filmefobia é um pouco mais intensa que a média...
Meu ex-namorado era um dos fóbicos...
E dos mais excêntricos e comentados, inclusive abre o filme...
Caio - fóbico de anão...
Acompanhei seus momentos como depoente
e depois notícias sobre o filme.
Antes mesmo da estréia, já comecei a pensar mais sobre o filme,
vendo um telão no saguão do Espaço Unibanco,
justamente com a cena do anão,
vi lá pessoas ao meu lado comentando e rindo...

Daí, enfim, fui ver o filme no último feriado...
Interessante o tema: vem de encontro às angústias,
aflições, medos das pessoas hj em dia...
Inclusive graças ao filme e ao convívio com Caio me vêm as questões:
a partir de que ponto o medo passa a ser fobia?
De onde elas vêm? Como devem ser tratadas?

No caso do Caio, por exemplo, que tem fobia de um tipo de pessoa,
ele mesmo fala ser horrível por parecer que ele tem preconceito,
mas que é algo que vai além, e que a sensação ao encontrar um anão
acaba sendo complexa pois se mistura a repulsa que ele tem ao anão
com a que ele tem dele mesmo por sentir isso...

Ou seja, pano para muita manga...
Material para uma discussão profunda, porém...
O filme fica muito aquém...
Uma sucessão de quadros fóbicos expostos:
cenas em que o fóbico de rato deita em cima de ratos,
que o fóbico de altura é suspenso no ar,
que o fóbico de botão é atingido por centenas deles,
que o fóbico de sangue (no caso o diretor) vê sangue ao seu redor...
Traquitanas carnavalescas os colocando nessas posições
que me fazem quase achar graça, que não me aproximam dos personagens
e não me tocam, e que em geral me fazem sentir um constrangimento alheio!

Salvo por uma ilustre presença: Jean-Claude Bernardet!

O cineasta aqui é o personagem principal
e é quem nos momentos de bastidores mostrados no filme,
acaba levantando importantes questões: até que ponto é válido,
até que ponto é sádico colocar as pessoas naquelas situações?
Aonde se quer chegar com aquilo tudo?
E tb é ele quem conversa com um psicanalista
de onde surgem colocações mais científicas...

E o principal: é dele que vem uma fobia (?) mais profunda,
pois ele é um cineasta que corre o risco de ficar cego e expõe isso no filme...
É o que mais me toca no filme, mas aí acho até que sai do tema,
pois não parece uma fobia, mas uma angústia, um sofrimento real...

E daí até parece um contraponto com os fóbicos,
que parecem ainda mais rasos por conta disso...
(pessoas tendo xiliques com coisas sem perigo e bizarras,
como palhaços, botões ou borboletas)

E daí volta a minha relação particular com o filme,
de quem convive com um fóbico e que aprendeu a respeitar...
Mas que não entende muito bem o processo como a fobia vem à tona
e fica frustrada por o filme não dar muitas pistas...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet - Tim Burton

Tim Burton costuma ter o dom
de me levar de volta à infância...

Com seus personagens incríveis,
suas paisagens surreais,
seus contos de fadas criativos...

Mas o que não é o excesso, não?

Quis pesar a mão na subversão
fazendo um conto de fadas macabro,
só que não ficou nem mto com cara de conto de fadas
e nem com a complexidade de uma história de outras nuances...

Pra completar a fraca história sem profundidade,
fez um completo musical...
Se no filme tem três frases não cantadas é mto!
E pra ajudar, a música é beeem brega.










Claro que o visual é como sempre impecável,
mas não foi o suficiente pra não me entendiar
e ter me arrependido de pegar uma sessão de
"melhores" de 2008 no festival do Cinesesc...

domingo, 26 de abril de 2009

Katyn













História densa, complexa e pesada...

Como o filme...

Baseado no verídico massacre de Katyn,
o filme acaba falando sobre conseqüências
de governos ditatoriais, liberdade de expressão,
lutas, sacrifícios...

- "se ficar o bicho pega, se correr o bicho corre"

Foi isso que Stalin e alguns seguidores
provocaram matando centenas de pessoas
por diferentes países...
Como a polônia do filme...

Com a tristeza do ocorrido e a frieza geográfica
o filme se mantém forte e correto,
mas parece um pouco aula de história...

(Não sei se tem a ver com o dia que assisti
que estava mais leve e ensolarado),
Mas senti falta de me envolver mais com o filme
estar mais próxima às personagens
e me emocionar com toda aquela injustiça...

Acho esse um dos maiores méritos e poderes do cinema:
conseguir tragar seu espectador e levá-lo para
lugares, épocas e sentimentos diferentes...

Ainda assim, um bom filme de Andrzej Wajda!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola









Discussão que extravasa muros, cidades, países...
Educação, pedagogia, hierarquia, paternalismo,
autoritarismo, didática, diálogo...

Como um professor deve se colocar em meio a alunos
que desprezam os métodos de ensino atuais,
jovens que absorvem mais de meios audiovisuais
(TV, internet, revistas...),
jovens que trazem para a sala de aula suas rivalidades,
que trazem seus conflitos familiares,
raciais, sociais, amorosos...
Qual o papel da escola em tudo isso?
Até onde vai sua responsabilidade?
Até onde deve ir sua autoridade?

Quais os deveres e direitos de alunos e professores?

Enfim, tantas e profundas questões suscitadas
e fomentadas pelo filme...

Filme de falatórios, de argumentos e contra-argumentos
de alunos, professores, pais diretores...

Com personagens muito espontâneos
(brilhantemente misturados e
dirigidos em atores e não atores),
porém - sempre poréns -
apesar da discussão ser longa e desgastada
o filme não precisava representar isso na tela,
poderia ter meia hora a menos, cansar menos,
manter um impacto maior, conquistar mais o público...

Meu companheiro de sessão, por exemplo,
se coçou para não sair antes do filme acabar,
e daí o que acho uma pena,
acabo achando compreensível tb...

Mas pra corajosos em adentrar nessa discussão
entre os muros da escola...
Um convite!


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Segredos Íntimos





História intimista
sobre meninas
em uma espécie de
seminário judeu:



machismos judeus X
emancipação de um lugar só de mulheres
preconceitos, ousadias, dificuldades...
Em meio a isso duas tramas principais:
a de uma mulher a beira da morte
que recebe a caridade das meninas judias
e além disso lhes pede ajuda para se redimir
(interpretada por ninguém menos que Fanny Ardant)
e a história de duas meninas que se apaixonam.

Ou seja, material denso, poderoso, muito bom, porém...

E senhor porém: a direção peca em excessos:
trilha que parece de novela, interpretações carregadas,
ênfases alongadas, montagem arrastada...

Conclusão: filme de muito potencial, mas chatinho!

(tanto que está passando batido e não seria eu que o indicaria)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Milk - Gus Van Sant

Gosto do Gus Van Sant:
temas fortes, reais, interessantes,
liguagem poética, envolvente...
mas sempre resvalando em certa afetação...



Gosto tb do Sean Penn,
pelo menos de alguns de
seus últimos filmes, como
Sobre Meninos e Lobos
ou 21 Gramas...




E qdo vi o trailler de Milk, gostei...

Ou seja, já fui esperando gostar...


E gostei! A história não tem nada de mto surpreendente
qdo se pensa numa história de militância gay
há algumas décadas atrás:
uma luta contra o preconceito!


E é uma história que, se não é feliz,
ao menos fala de progresso, de evolução...


Aliás, isso é algo que me deixa satisfeita na vida:
sei que vou morrer num mundo com a mesma pobreza (se ñ pior),
num mundo com as mesmas doenças (se ñ piores),
num mundo com a mesma desigualdade (se ñ pior),
etc, etc, etc... (se ñ pior)
Mas em relação à tolerância e respeito à homossexualidade,
vejo a evolução a olhos nus todos os dias...
passando nos arredores da paulista,
vendo os jovens, vendo filmes, vendo tv...
Tem e terá ainda mto a fazer?
Sem dúvida, mas... viva a evolução!


E Milk vem como um combustível a isso:
filme redondo, filme comovente,
elenco bom, músicas boas, fotografia boa...

Talvez um pouco de afetação demais,
com alguns excessos como por exemplo
uma cena em que se divide e subdivide a tela diversas vezes...

Se estou acompanhando o filme de uma maneira mais intimista,
não quero ver a mão do diretor pesando no meu ombro
aparecendo na tela e dizendo:
"ei, estou aqui, isso aqui é tudo construído"
Gosto mais dos momentos de fluir do filme,
quando embarco no discurso inflamado
e carismático de Milk-SeanPenn
e penso nas suas dificuldades, nas suas privações
e nas suas vitórias...


o filme toca, mexe, shake...

Milk Shake!!!

sábado, 21 de março de 2009

O Menino da Porteira - Jeremias Moreira













Estranho falar de um filme que a gente trabalhou,
por mais distância crítica que tenhamos,
nunca seremos isentos...

fui produtora de elenco de O Menino da Porteira,
e mesmo já tendo visto três vezes, a cada vez
rememoro os seis meses de buscas por meninos,
por dublês, sitiantes, além de grandes atores, claro!

minha 1a sensação ao ver o filme pronto
foi de superar minhas expectativas:
achei o filme bem redondo!
Fotografia bonita, som e músicas boas
(mesmo o repertório que o Daniel canta
tem pepitas como Disparada!),
os atores estão bem, com uma ou outra ressalva,
até o Daniel, em sua ousada experiência...

No mais o filme tem sua simplicidade de trama e personagens,
mas que acho que pode envolver e funcionar...

Vamos ver...





(e vejam tb!)


quarta-feira, 18 de março de 2009

Três Macacos

O filme tem um laconismo,
personagens misteriosos, intrigantes
que te cativam em princípio...
mas pra história se segurar,
os personagens acabam se revelando
e assim vão parecendo mais banais,
seus conflitos vão ficando menos profundos
e a estética de elipses, lacunas, sombras,
acaba soando como uma afetação
daquilo que não é mostrado...


Sem dúvida há várias qualidades e méritos,
que talvez num filme com uns 20 minutos a menos
se sustentassem muito mais...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Coraline

Linda animação!
História interessante
(livre adaptação de Alice de Carrol)!

Mas senti que faltou algo...
as personagens são instigantes,
mas falta algum carisma,
não sei explicar...

terça-feira, 10 de março de 2009

O Leitor

Alguma coisa de bem original e interessante na trama...
Romance entre adolescente e mulher misteriosa.

Ela some, ele a reencontra anos depois e descobre
um passado dela ligado ao nazismo...
A relação deles muito intensa e com algumas lacunas...
Mas o que poderia envolver, instigar, não vai além...

Apenas acompanho uma direção, interpretação, fotografia, arte, etc
tudo muito talentoso, mas que não me cativa como poderia...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Slumdog Milionaire

Interessante por apresentar um lado do mundo
que não conheço mto;
simpático por uma trama singela e romântica;
bom por se inspirar em um exemplo mto bom...
Cidade de Deus...










Câmera, fotografia, personagens, carisma de crianças...
E as qualidades meio que param por aí...

Uma narrativa rocambólica que não justifica mto pq veio,
qualidades chupinzadas descaradamente do nosso produto nacional
e nada que vá além...

valeu ver, mas deixou a desejar...
não que estatuetas sejam lá gde baliza, mas...
sobrou tapete pra ele...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Operação Valquiria














Uma passagem interessante na história da 2a Guerra:
atentado contra Hitler!

O filme tenta trazer a discussão de pessoas de dentro do Reich
colocando suas posições de prós e contras e afins,

mas o que consegue é fazer um filme
sobre burocracia de guerra...

Pessoas tentando um golpe e discutindo por onde passar,
quem tentar derrubar primeiro, quem colocar no lugar, etc

O resultado pra mim: bem pífio e chatinho...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Foi Apenas um Sonho de Sam Mendes (Revolutionary Road)


Gosto de Beleza Americana, mas achei supervalorizado, talvez por as pessoas acharem todo aquele cotidiano tão chocante e pra mim pareciam problemas corriqueiros apresentados com certa caricatura...


Chocante pra mim é Festa de Família, de Thomas Virterberg, ou Felicidade, de Todd Solondz ou mesmo nossos Nelson Rodrigues... Mas Sam Mendes certamente tem inquietações e abordagens que chamam atenção...

Soldado Anônimo 
me agradou bastante pelo ponto de vista diferente...
Não sei se originalíssimo e se excepcional, mas sem dúvida bom!

Então vem seu filme seguinte, uma história mais dramática, mais intimista:



Foi Apenas um Sonho que também não é incrível...
Personagens clichês, situações sem graça de seriados americanos, mas...


Antes de ver, havia lido críticas sobre ser um filme sobre divórcio, depois ouvi dizer que era sobre criatividade, mas...



Um filme sobre escolhas de vida... E nisso se inclui casamento, carreira e assim discussões sobre divórcio, criatividade, amor, filhos, ambições, aventura...


Saí do filme inquietada, porque o filme realmente me fez pensar na vida - em suas bifurcações - em algo que sempre me angustia terrivelmente que é: ter que escolher!
Não pelo que escolho, mas por aquilo que deixo pra trás...

Talvez essa angustia de ter que escolher é que também me faz tão feliz quando uma escolha não deixa dúvida, por exemplo: ter ido ver Foi Apenas um Sonho!

(onde até coisas que poderiam ter me distanciado um pouco, como a escolha dos protagonistas - Leonardo DiCaprio e Kate Winslet - que eu em geral não vejo muita graça, estão muito bem e dão a simplicidade, graça e complexidade que o filme pede)


Um filme sobre o intangível, que das situações corriqueiras da vida como a  inveja da grama do vizinho, as conversas polidas com conhecidos, a possibilidade de uma gravidez, a possibilidade de um aborto, o sonho de um trabalho instigante, o dia-a-dia massacrante, o diluir da paixão, o manter a chama acesa de um casamento, os limites do espaço da convivência e da cumplicidade e onde somos apenas um eu e onde não há espaço pra mais ninguém, onde é preciso respeito, onde nunca poderemos alcançar...

Como pra mim o que o filme significa... Tento palavras e palavras, acrescento algumas meses depois, após rever, mas ainda assim pra mim bate algo além... Intangível...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ninho Vazio X a fertilidade do cinema argentino

Há cinematografias que realmente nos arrebatam de tão diferentes que são...

Coreanos como Kim Ki-duk; chineses como Ming-liang; japoneses como Ozu Takeshi Kitano
(*diretor de Dolls - foto);
iranianos como Kiarostami; dinamarqueses como Lars Von Trier.

Enfim, fácil fazer uma lista infinita daquilo que me conquista...
Mas há uma cinematografia que, em geral, não é de tirar o fôlego, mas é tão humana, tão sensível, tão acessível, tão sincera...

Exemplo a se mirar, dadas as semelhanças.

O cinema argentino contemporâneo realmente chama a atenção!

Dos casos mais irreverentes e de maior frescor e força, como Lucrecia Martel (ao lado cena de sua obra prima Pântano);



Até os mais romanceados e novelísticos como Juan Jose Campanella... (ao lado meu preferido dele O Filho da Noiva).


Aliás, pensando sobre o último filme argentino que vi - Ninho Vazio - me ocorreu que talvez o fato da Argentina não investir tanto em novelas faça com que seus artistas ponham os dramas corriqueiros pra fora justamente nos filmes...

Daniel Burman é um cineasta que faz isso...

Ninho Vazio começa chamando a atenção por seu título e temática: um casal cujos filhos saem de casa e os pais passam a se reconfigurar em uma nova rotina...

Sem grande destaque da crítica e sem ouvir comentários de botequim, talvez não tivesse muitos motivos pra ir assistir. Por outro lado, às vezes filmes singelos e de pequenos dramas me envolvem tão mais do que filmes de maior qualidade. Há vezes em que estes filmes mais elaborados não dialogam muito comigo, como os irmãos Coen, por exemplo...


Mas de fato Ninho Vazio deixa a desejar...
Premissa e universo interessantes, mas um protagonista chato, que não nos cativa nem um pouco. E uma trama bastante morna, às vezes bem banal e clichê, inclusive...

O que me fez pensar bastante em nossas novelas...
Às vezes as novelas tem tramas e personagens tão, tão, tão interessantes, mas reproduzir isso em um formato de dezenas de capítulos de 40 minutos, dilata o drama e a qualidade... ao menos pra mim...

Por isso prefiro os dramas em formatos próximos a 100 minutos. Talvez não Burman em Ninho Vazio, mas, por exemplo:



Abraço Partido,  filme interessante, instigante, envolvente, de personagens fortes e dramas cheios de vida!



Ou Direitos de Família: filme super sensível, de uma certa maneira simples, banal, mas com tanta graça e verdade...


Afinal, casar, ter filhos, escolher uma carreira, lidar com a morte,
são questões de nosso cotidiano. 


E normalmente não se dão com centenas de tiros, doenças raríssimas, paixões à primeira vista...

E ver isso em filme...
Adoro!!!