domingo, 26 de abril de 2009

Katyn













História densa, complexa e pesada...

Como o filme...

Baseado no verídico massacre de Katyn,
o filme acaba falando sobre conseqüências
de governos ditatoriais, liberdade de expressão,
lutas, sacrifícios...

- "se ficar o bicho pega, se correr o bicho corre"

Foi isso que Stalin e alguns seguidores
provocaram matando centenas de pessoas
por diferentes países...
Como a polônia do filme...

Com a tristeza do ocorrido e a frieza geográfica
o filme se mantém forte e correto,
mas parece um pouco aula de história...

(Não sei se tem a ver com o dia que assisti
que estava mais leve e ensolarado),
Mas senti falta de me envolver mais com o filme
estar mais próxima às personagens
e me emocionar com toda aquela injustiça...

Acho esse um dos maiores méritos e poderes do cinema:
conseguir tragar seu espectador e levá-lo para
lugares, épocas e sentimentos diferentes...

Ainda assim, um bom filme de Andrzej Wajda!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Entre os Muros da Escola









Discussão que extravasa muros, cidades, países...
Educação, pedagogia, hierarquia, paternalismo,
autoritarismo, didática, diálogo...

Como um professor deve se colocar em meio a alunos
que desprezam os métodos de ensino atuais,
jovens que absorvem mais de meios audiovisuais
(TV, internet, revistas...),
jovens que trazem para a sala de aula suas rivalidades,
que trazem seus conflitos familiares,
raciais, sociais, amorosos...
Qual o papel da escola em tudo isso?
Até onde vai sua responsabilidade?
Até onde deve ir sua autoridade?

Quais os deveres e direitos de alunos e professores?

Enfim, tantas e profundas questões suscitadas
e fomentadas pelo filme...

Filme de falatórios, de argumentos e contra-argumentos
de alunos, professores, pais diretores...

Com personagens muito espontâneos
(brilhantemente misturados e
dirigidos em atores e não atores),
porém - sempre poréns -
apesar da discussão ser longa e desgastada
o filme não precisava representar isso na tela,
poderia ter meia hora a menos, cansar menos,
manter um impacto maior, conquistar mais o público...

Meu companheiro de sessão, por exemplo,
se coçou para não sair antes do filme acabar,
e daí o que acho uma pena,
acabo achando compreensível tb...

Mas pra corajosos em adentrar nessa discussão
entre os muros da escola...
Um convite!


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Segredos Íntimos





História intimista
sobre meninas
em uma espécie de
seminário judeu:



machismos judeus X
emancipação de um lugar só de mulheres
preconceitos, ousadias, dificuldades...
Em meio a isso duas tramas principais:
a de uma mulher a beira da morte
que recebe a caridade das meninas judias
e além disso lhes pede ajuda para se redimir
(interpretada por ninguém menos que Fanny Ardant)
e a história de duas meninas que se apaixonam.

Ou seja, material denso, poderoso, muito bom, porém...

E senhor porém: a direção peca em excessos:
trilha que parece de novela, interpretações carregadas,
ênfases alongadas, montagem arrastada...

Conclusão: filme de muito potencial, mas chatinho!

(tanto que está passando batido e não seria eu que o indicaria)

quarta-feira, 25 de março de 2009

Milk - Gus Van Sant

Gosto do Gus Van Sant:
temas fortes, reais, interessantes,
liguagem poética, envolvente...
mas sempre resvalando em certa afetação...



Gosto tb do Sean Penn,
pelo menos de alguns de
seus últimos filmes, como
Sobre Meninos e Lobos
ou 21 Gramas...




E qdo vi o trailler de Milk, gostei...

Ou seja, já fui esperando gostar...


E gostei! A história não tem nada de mto surpreendente
qdo se pensa numa história de militância gay
há algumas décadas atrás:
uma luta contra o preconceito!


E é uma história que, se não é feliz,
ao menos fala de progresso, de evolução...


Aliás, isso é algo que me deixa satisfeita na vida:
sei que vou morrer num mundo com a mesma pobreza (se ñ pior),
num mundo com as mesmas doenças (se ñ piores),
num mundo com a mesma desigualdade (se ñ pior),
etc, etc, etc... (se ñ pior)
Mas em relação à tolerância e respeito à homossexualidade,
vejo a evolução a olhos nus todos os dias...
passando nos arredores da paulista,
vendo os jovens, vendo filmes, vendo tv...
Tem e terá ainda mto a fazer?
Sem dúvida, mas... viva a evolução!


E Milk vem como um combustível a isso:
filme redondo, filme comovente,
elenco bom, músicas boas, fotografia boa...

Talvez um pouco de afetação demais,
com alguns excessos como por exemplo
uma cena em que se divide e subdivide a tela diversas vezes...

Se estou acompanhando o filme de uma maneira mais intimista,
não quero ver a mão do diretor pesando no meu ombro
aparecendo na tela e dizendo:
"ei, estou aqui, isso aqui é tudo construído"
Gosto mais dos momentos de fluir do filme,
quando embarco no discurso inflamado
e carismático de Milk-SeanPenn
e penso nas suas dificuldades, nas suas privações
e nas suas vitórias...


o filme toca, mexe, shake...

Milk Shake!!!

sábado, 21 de março de 2009

O Menino da Porteira - Jeremias Moreira













Estranho falar de um filme que a gente trabalhou,
por mais distância crítica que tenhamos,
nunca seremos isentos...

fui produtora de elenco de O Menino da Porteira,
e mesmo já tendo visto três vezes, a cada vez
rememoro os seis meses de buscas por meninos,
por dublês, sitiantes, além de grandes atores, claro!

minha 1a sensação ao ver o filme pronto
foi de superar minhas expectativas:
achei o filme bem redondo!
Fotografia bonita, som e músicas boas
(mesmo o repertório que o Daniel canta
tem pepitas como Disparada!),
os atores estão bem, com uma ou outra ressalva,
até o Daniel, em sua ousada experiência...

No mais o filme tem sua simplicidade de trama e personagens,
mas que acho que pode envolver e funcionar...

Vamos ver...





(e vejam tb!)


quarta-feira, 18 de março de 2009

Três Macacos

O filme tem um laconismo,
personagens misteriosos, intrigantes
que te cativam em princípio...
mas pra história se segurar,
os personagens acabam se revelando
e assim vão parecendo mais banais,
seus conflitos vão ficando menos profundos
e a estética de elipses, lacunas, sombras,
acaba soando como uma afetação
daquilo que não é mostrado...


Sem dúvida há várias qualidades e méritos,
que talvez num filme com uns 20 minutos a menos
se sustentassem muito mais...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Coraline

Linda animação!
História interessante
(livre adaptação de Alice de Carrol)!

Mas senti que faltou algo...
as personagens são instigantes,
mas falta algum carisma,
não sei explicar...

terça-feira, 10 de março de 2009

O Leitor

Alguma coisa de bem original e interessante na trama...
Romance entre adolescente e mulher misteriosa.

Ela some, ele a reencontra anos depois e descobre
um passado dela ligado ao nazismo...
A relação deles muito intensa e com algumas lacunas...
Mas o que poderia envolver, instigar, não vai além...

Apenas acompanho uma direção, interpretação, fotografia, arte, etc
tudo muito talentoso, mas que não me cativa como poderia...

sexta-feira, 6 de março de 2009

Slumdog Milionaire

Interessante por apresentar um lado do mundo
que não conheço mto;
simpático por uma trama singela e romântica;
bom por se inspirar em um exemplo mto bom...
Cidade de Deus...










Câmera, fotografia, personagens, carisma de crianças...
E as qualidades meio que param por aí...

Uma narrativa rocambólica que não justifica mto pq veio,
qualidades chupinzadas descaradamente do nosso produto nacional
e nada que vá além...

valeu ver, mas deixou a desejar...
não que estatuetas sejam lá gde baliza, mas...
sobrou tapete pra ele...

quarta-feira, 4 de março de 2009

Operação Valquiria














Uma passagem interessante na história da 2a Guerra:
atentado contra Hitler!

O filme tenta trazer a discussão de pessoas de dentro do Reich
colocando suas posições de prós e contras e afins,

mas o que consegue é fazer um filme
sobre burocracia de guerra...

Pessoas tentando um golpe e discutindo por onde passar,
quem tentar derrubar primeiro, quem colocar no lugar, etc

O resultado pra mim: bem pífio e chatinho...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Foi Apenas um Sonho de Sam Mendes (Revolutionary Road)


Gosto de Beleza Americana, mas achei supervalorizado, talvez por as pessoas acharem todo aquele cotidiano tão chocante e pra mim pareciam problemas corriqueiros apresentados com certa caricatura...


Chocante pra mim é Festa de Família, de Thomas Virterberg, ou Felicidade, de Todd Solondz ou mesmo nossos Nelson Rodrigues... Mas Sam Mendes certamente tem inquietações e abordagens que chamam atenção...

Soldado Anônimo 
me agradou bastante pelo ponto de vista diferente...
Não sei se originalíssimo e se excepcional, mas sem dúvida bom!

Então vem seu filme seguinte, uma história mais dramática, mais intimista:



Foi Apenas um Sonho que também não é incrível...
Personagens clichês, situações sem graça de seriados americanos, mas...


Antes de ver, havia lido críticas sobre ser um filme sobre divórcio, depois ouvi dizer que era sobre criatividade, mas...



Um filme sobre escolhas de vida... E nisso se inclui casamento, carreira e assim discussões sobre divórcio, criatividade, amor, filhos, ambições, aventura...


Saí do filme inquietada, porque o filme realmente me fez pensar na vida - em suas bifurcações - em algo que sempre me angustia terrivelmente que é: ter que escolher!
Não pelo que escolho, mas por aquilo que deixo pra trás...

Talvez essa angustia de ter que escolher é que também me faz tão feliz quando uma escolha não deixa dúvida, por exemplo: ter ido ver Foi Apenas um Sonho!

(onde até coisas que poderiam ter me distanciado um pouco, como a escolha dos protagonistas - Leonardo DiCaprio e Kate Winslet - que eu em geral não vejo muita graça, estão muito bem e dão a simplicidade, graça e complexidade que o filme pede)


Um filme sobre o intangível, que das situações corriqueiras da vida como a  inveja da grama do vizinho, as conversas polidas com conhecidos, a possibilidade de uma gravidez, a possibilidade de um aborto, o sonho de um trabalho instigante, o dia-a-dia massacrante, o diluir da paixão, o manter a chama acesa de um casamento, os limites do espaço da convivência e da cumplicidade e onde somos apenas um eu e onde não há espaço pra mais ninguém, onde é preciso respeito, onde nunca poderemos alcançar...

Como pra mim o que o filme significa... Tento palavras e palavras, acrescento algumas meses depois, após rever, mas ainda assim pra mim bate algo além... Intangível...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Ninho Vazio X a fertilidade do cinema argentino

Há cinematografias que realmente nos arrebatam de tão diferentes que são...

Coreanos como Kim Ki-duk; chineses como Ming-liang; japoneses como Ozu Takeshi Kitano
(*diretor de Dolls - foto);
iranianos como Kiarostami; dinamarqueses como Lars Von Trier.

Enfim, fácil fazer uma lista infinita daquilo que me conquista...
Mas há uma cinematografia que, em geral, não é de tirar o fôlego, mas é tão humana, tão sensível, tão acessível, tão sincera...

Exemplo a se mirar, dadas as semelhanças.

O cinema argentino contemporâneo realmente chama a atenção!

Dos casos mais irreverentes e de maior frescor e força, como Lucrecia Martel (ao lado cena de sua obra prima Pântano);



Até os mais romanceados e novelísticos como Juan Jose Campanella... (ao lado meu preferido dele O Filho da Noiva).


Aliás, pensando sobre o último filme argentino que vi - Ninho Vazio - me ocorreu que talvez o fato da Argentina não investir tanto em novelas faça com que seus artistas ponham os dramas corriqueiros pra fora justamente nos filmes...

Daniel Burman é um cineasta que faz isso...

Ninho Vazio começa chamando a atenção por seu título e temática: um casal cujos filhos saem de casa e os pais passam a se reconfigurar em uma nova rotina...

Sem grande destaque da crítica e sem ouvir comentários de botequim, talvez não tivesse muitos motivos pra ir assistir. Por outro lado, às vezes filmes singelos e de pequenos dramas me envolvem tão mais do que filmes de maior qualidade. Há vezes em que estes filmes mais elaborados não dialogam muito comigo, como os irmãos Coen, por exemplo...


Mas de fato Ninho Vazio deixa a desejar...
Premissa e universo interessantes, mas um protagonista chato, que não nos cativa nem um pouco. E uma trama bastante morna, às vezes bem banal e clichê, inclusive...

O que me fez pensar bastante em nossas novelas...
Às vezes as novelas tem tramas e personagens tão, tão, tão interessantes, mas reproduzir isso em um formato de dezenas de capítulos de 40 minutos, dilata o drama e a qualidade... ao menos pra mim...

Por isso prefiro os dramas em formatos próximos a 100 minutos. Talvez não Burman em Ninho Vazio, mas, por exemplo:



Abraço Partido,  filme interessante, instigante, envolvente, de personagens fortes e dramas cheios de vida!



Ou Direitos de Família: filme super sensível, de uma certa maneira simples, banal, mas com tanta graça e verdade...


Afinal, casar, ter filhos, escolher uma carreira, lidar com a morte,
são questões de nosso cotidiano. 


E normalmente não se dão com centenas de tiros, doenças raríssimas, paixões à primeira vista...

E ver isso em filme...
Adoro!!!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A Troca (Changeling) - Clint Eastwood


Clint e sua mão pesadas de grandes dramas...

Como Menina de Ouro é bom!
Começa com estrutura clássica: trajetória de herói - a saga de uma menina que quer vencer fazendo aquilo que gosta...

E de repente, no meio do filme, o filme é outro!
E é muito bom! Traz questões densas: ser ou não ser mesmo! (atualizados na questão da eutanásia). E ser em que custo? O quanto e o como vale viver?...

E o cara - mestre dos faroestes Eastwood - se inspira na vida: em A Troca, uma estória real...

Mas, curiosamente, o que mais incomoda é que é inverossímil!

São tantas idas e vindas,
e novas idas e novas vindas, que se torna cansativo...

E ultra maniqueísta!
Pessoas totalmente do mal e a protagonista sempre vítima.
Que luta, luta, luta, luta mais um pouco, luta outro tanto, luta ainda mais! E mais...

Faltou boxe nesse filme, faltou um punch!


E sobrou bicos e lágrimas...
Até porque Angelina Jolie começa bem, mas rapidinho gasta todo seu repertório de expressões e deixa de encantar...
A direção de arte nos leva a só olhar pra sua boca com um batom ultra plus vermelho.


E os grandes olhos com as lágrimas
sempre ressaltadas por uma luz pontual...




Esse round não deu, Clint, esperemos o próximo!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Curioso Caso de Benjamin Button - David Fincher



Demorei umas duas semanas após a estréia pra ver...
Daí estive em rodinhas de bate-papos super elogiosas ao filme...
Fui então ansiosa assistir...

A premissa do filme é realmente interessante -
homem que nasce velho e vai rejuvenescendo...
E uma trama de amor, onde nesse percurso
há encontros e desencontros no fluxo e contra-fluxo...

Mas falta...

A estrutura da estória está baseada em uma narração mega-hiper sem graça. E, em muitos momentos, dá uma sensação de truncamento...
Narrações excessivas que se sobrepõem às ações...
Parece vir de uma intenção de ser Amelie Pouilan,
mas falta uma graça que Jeneut mesmo em seus filmes mais sem graça tem de sobra!!!

O C.C.B.B. faz juz ao seu título:
é curioso
mas apenas um caso,
cá pra mim com meus botões
...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Um Conto de Natal (Un conte de Noël) - Arnaud Desplechin


Cine 2009 #3


Um Conto de Natal!

Pelo título me pareceu oportunista pela data de estréia, mas não!

Apesar de estranhices (como personagens com reações bizarras, estriônicas, radicais etc), resulta bem bom!

Filme sobre família... problemática!

Intenso, complexo, sensações diversas, conflitos tamanho família!
(e elenco, encabeçado por Catherine Deneuve fazendo juz!).

A Bela Junie (La belle personne) - Christophe Honoré


Ambiente de colegial...
Me deixou com saudades, nostalgia...
(Apesar de achar que aproveitei bastante, parece que falta... Mas sempre falta, né?
Se eu tivesse esborneado mais, teria estudado menos; se eu tivesse estudado mais, teria me divertido menos; se tivesse vadiado mais, teria sonhado menos; se tivesse sonhado mais, teria platonizado demais... E por aí vai...)

E o filme acaba monotematizando os conflitos adolescentes
pelos romances, affairs etc... interessante!

Até por ele ser uma adaptação de um livro do séc XVII (de Madame de Lafayette)...

Mas o filme acaba sendo adolescente também e comete exageros:
nas ações das personagens que acabam tendo atitudes que chegam a inverossimilhança
(suicídio, negação do amor real em prol do platônico etc).

Exageros também de linguagem (quer ser poético, ser realista, ser musical, ser blasèe e em alguns momentos acabamos perdendo o foco e o interesse).

Mas, sem dúvida, é um filme que faz sentir e pensar. E nos cativa, mérito principalmente da direção de Honoré e do elenco (de jovens talentosos como Louis Garrel e Léa Seydoux).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Um homem bom (Good) - Vicente Amorim



Primeiro filme do ano:

Um Homem Bom...
Ser bom às vezes é morno, né?
Aqui faltam nuances!