O americano radicado francês Eugène Green é conhecido por seu estilo barroco, de humor contido e cheio de cinismo, que traz histórias contemporâneas com muitas referências artísticas e históricas. É assim em seu último longa O Filho de Joseph.
Aqui, Green parte de pinturas de Caravaggio e histórias da Bíblia para contar os conflitos de um adolescente em busca da identidade do pai.
A narrativa traz diversas situações corriqueiras como a relação com amigos adolescentes (suas maldades, tentativas de trabalho, tédio etc), a relação com a mãe, suas tentativas de alcovitar um parceiro para ela, o triângulo formado com a possibilidade dessa nova relação etc.
Mas não é tanto no que conta, mas em como conta que está a particularidade de Green.
Numa linguagem rebuscada (em diálogo com o barroco), na qual a forma por vezes se sobrepõe ao conteúdo e nos deixa numa tensão intelectual que não permite um envolvimento maior com os personagens e com a história.
Desde os personagens lançarem seus olhares para a câmera (e não na angulação que nos daria a sensação de olhar aos outros personagens), até o tempo da montagem, que não permite que os diálogos fluam, tudo nos leva a um distanciamento que podem propiciar as relações racionais e culturais pedidas.
O resultado é um filme rico e interessante, mas não necessariamente agradável ou mesmo palatável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário