quarta-feira, 29 de junho de 2016

Visita ou Memórias e Confissões - Manoel de Oliveira


Filmado no início dos anos 80, o filme mais recente do diretor português Manoel de Oliveira permaneceu inédito por mais de 30 anos.

Dono de uma carreira incansável dos seus 23 aos seus 105 anos, com dezenas de títulos profundamente autorais (alguns já comentados aqui), não quis apresentar suas memórias e confissões em vida e nos deixou essa última visita para desfrutarmos em sua ausência.

Assim como em suas ficções Visitas ou Memórias e Confissões se apóia em momentos discursivos e imagens contemplativas.

Contrastando verborragia e silêncio, parece ser feito da matéria que lhe dá título: memórias, confissões, nostalgia...

Um filme sobre o tempo, quase impalpável e etéreo, mas ali tão audiovisualmente representado.

A partir da visita de um casal a uma casa aparentemente abandonada, mas que é a que carrega a herança e história da família do diretor e a tentativa de preservação de uma construção, de uma arquitetura, de uma época.

Falas de um casal anônimo, depoimentos do próprio autor, fotos de família, projeções de películas guardadas e refletidas.

Montagem de imagens de diferentes tempos, de diferentes vozes e diferentes pensamentos e sentimentos.

O propósito do filme autobiográfico de certa maneira parece despistado pelo autor, mas cumpre seu papel, Manoel não conseguiu se manter na casa, mas a casa e seu antigo morador se manteve através desse singelo e profundo filme.

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