O diretor italiano Paolo Sorrentino, após o sucesso de A Grande Beleza - já comentado aqui, volta às telonas com Juventude.
Com a mesma linguagem grandiloquente, a mesma construção de cenas vigorosas, o mesmo tipo de narrativa em esquetes e tom épico e farsesco, mas dessa vez sem alcançar a mesma consagração.
Já em sua estréia em Cannes o filme dividiu o público e a crítica e em seu lançamento no Brasil provocou as mesmas contradições.
Talvez porque o filme seja irregular, tem cenas sublimes, belas e profundas, fazendo remeter muitos às obras de Fellini, mas com cenas mais mornas e cansativas.
A temática do filme é a recorrente crise de criação: uma dupla de artistas já em suas terceiras idades sem saber que rumo tomar.
O primeiro, vivido por Michael Caine, está desiludido, já não quer mais trabalhar, não encontra mais inspiração e só quer aproveitar o retiro nos Alpes suíços para descansar.
O segundo, vivido por Harvey Keitel, está atrás de sua grande obra, vive a ilusão de uma criação síntese de existência e que possa dar sentido à sua vida.
O tom que Sorrentino encontra para essas personagens é ambíguo: há momentos em que ele nos coloca muito próximos a elas, vivendo o mesmo vazio (seja nos rompantes de ilusão de um, ou nos rompantes de desilusão do outro); seja em momentos que nos faz ver com distância, podendo nos deixar compadecidos, incrédulos, impassíveis ou - talvez sem intenção do diretor - desinteressados e entediados.
O filme ainda conta com outros personagens que multiplicam essas nuances, uma reunião de atores improvável e interessante: Paul Dano, Rachel Weisz, Jane Fonda etc.
A trama em si conta menos no filme, são as esquetes e simbologias que nos levam ao universo dos artistas e criadores, seus desejos e decepções, sua velhice ou sua juventude...
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