quinta-feira, 2 de junho de 2016

Juventude (Youth) - Paolo Sorrentino


O diretor italiano Paolo Sorrentino, após o sucesso de A Grande Beleza - já comentado aqui, volta às telonas com Juventude.

Com a mesma linguagem grandiloquente, a mesma construção de cenas vigorosas, o mesmo tipo de narrativa em esquetes e tom épico e farsesco, mas dessa vez sem alcançar a mesma consagração.
Já em sua estréia em Cannes o filme dividiu o público e a crítica e em seu lançamento no Brasil provocou as mesmas contradições.

Talvez porque o filme seja irregular, tem cenas sublimes, belas e profundas, fazendo remeter muitos às obras de Fellini, mas com cenas mais mornas e cansativas.


A temática do filme é a recorrente crise de criação: uma dupla de artistas já em suas terceiras idades sem saber que rumo tomar.


O primeiro, vivido por Michael Caine, está desiludido, já não quer mais trabalhar, não encontra mais inspiração e só quer aproveitar o retiro nos Alpes suíços para descansar.

O segundo, vivido por Harvey Keitel, está atrás de sua grande obra, vive a ilusão de uma criação síntese de existência  e que possa dar sentido à sua vida.

O tom que Sorrentino encontra para essas personagens é ambíguo: há momentos em que ele nos coloca muito próximos a elas, vivendo o mesmo vazio (seja nos rompantes de ilusão de um, ou nos rompantes de desilusão do outro); seja em momentos que nos faz ver com distância, podendo nos deixar compadecidos, incrédulos, impassíveis ou - talvez sem intenção do diretor - desinteressados e entediados.

O filme ainda conta com outros personagens que multiplicam essas nuances, uma reunião de atores improvável e interessante: Paul Dano, Rachel Weisz, Jane Fonda etc.

A trama em si conta menos no filme, são as esquetes e simbologias que nos levam ao universo dos artistas e criadores, seus desejos e decepções, sua velhice ou sua juventude...

Nenhum comentário:

Postar um comentário