Além da filmografia de mais de 70 títulos como atriz, há alguns anos Jodie Foster vem se aventurando pela direção, seu último filme O Jogo do Dinheiro apresenta uma direção competente, mas a escolha de um projeto questionável.
O filme fala sobre um programa de TV que dá dica de investimentos para cidadãos comuns.
Começa apresentando personagens superficiais e bem humorados (onde a dupla de protagonistas George Clooney e Julia Roberts funcionam muito bem), mas que logo são surpreendidos por um espectador que teve sua vida arruinada por um dos conselhos do programa.
Ele invade o programa armado e ameaça seus algozes (numa sequência de sequestro e terrorismo familiares ao cinema dos EUA).
A indústria do entretenimento e sua irresponsabilidade pela busca de audiência e patrocinadores a qualquer preço? Na empresa que deu o golpe e provocou o engano dos investidores? Ou em todo o sistema financeiro que permite que o dinheiro seja usado como em um jogo?
A resposta vai se revelando complexa e o filme não é maniqueísta e não traz respostas simplistas, entretanto acaba praticamente isentando todos os seus personagens e assim se isenta também de um papel mais crítico.
Se não vemos os culpados (ou temos apenas um bode expiatório ao final), se os personagens não têm no decorrer da narrativa nenhuma crise de consciência nem tampouco elaboram questionamentos mais profundos (o que vai nos fazendo desconectar com os atores e achar suas interpretações vazias), daí o filme vai se revelando extremamente frágil.
Nem mesmo quando apresenta as motivações pessoais e particulares do rapaz que se revolta, não traz compaixão e não denuncia os mais fragilizados da cadeia alimentar do capital.
Todo dinamismo e ritmo de diálogos e a montagem precisa vão virando um jogo de linguagem, que apenas entretem, mas não consegue nos levar além de seus 98 minutos.
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