O animador Wilson Lazaretti tem um bom argumento, personagens interessantes e de traço simpático, uma bela trilha sonora, e qualidade técnica, mas o descuido com o roteiro acaba comprometendo essa História antes de uma história.
Desde o início há um problema de não sabermos a quem o filme se direciona: a crianças, a adultos, a cinéfilos, a interessados por cinema, a leigos...?
Às vezes parece que estamos diante de uma aula e outras vezes parece estarmos diante de uma narrativa singela como a propaganda da Faber Castel inspirada na música de Toquinho - Aquarela - que você pode relembrar aqui.
Há falas extremamente didáticas e simplórias intercaladas com conhecimentos mais técnicos do cinema, sem que haja muita distinção, um ritmo que pendula entre o infantil e o específico e dificulta a conexão com o filme.
O argumento metalinguístico do personagem - Doutor K, numa referência ao kinema - que faz desenhos e com ele vai descobrindo a graça de seus movimentos e os encantos com suas diversas possibilidades de ação nos instiga.
E também a sua curiosidade e seu desejo de criar uma história e buscar os principais elementos para isso.
Mas Lazaretti não encontra equilíbrio nessa busca.
Demora a nos apresentar o principal conflito e quando o faz não costura tudo que já foi dito e apresentado: diversas informações, dados da história do cinema e do pré-cinema (os jogos que foram se construindo até a máquina que nos dá a ilusão do movimento com os 24 quadros por segundo) e personagens diversos.
Diferente de animações com várias esquetes e personagens lúdicos numa interação não racional como nos filmes do grande mestre Miyazaki de A Viagem de Chihiro, A História antes da história nos deixa carente justamente de uma história para podermos alinhavar suas ideias e nos encantarmos com sua construção.
Fica o legado dos traços e da música e um desejo de quero mais.
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