Breno Silveira tem um excelente faro pra histórias: consegue pensar tramas com apelo comercial, que retratem bem o país e fazer uma direção competente, mas que ora alcança grande profundidade e dramaticidade e ora resvala em simplismo e desequilíbrio narrativo.
Sua estréia em longas-metragens veio com o sucesso Dois Filhos de Francisco, baseado na história da família de Zezé de Camargo e Luciano.
O filme começa mostrando maravilhosamente (boa fotografia, direção de arte, decupagem, montagem, construção de cenas e atuações - com destaque para os meninos, Ângelo Antônio, Dira Paes e José Dumont).
A vida de uma família simples, num cotidiano de um interior bem brasileiro, sem muitos apelos, de maneira singela e comovente nos cativa. O pai apaixonado por música que dedica e investe no talento dos filhos, que, ainda meninos, vão ganhando destaque e fazendo sucesso.
Entretanto um grande drama interrompe a história de ascensão promissora: um acidente mata um dos meninos e a história se perde.
Nem o título passa a fazer mais sentido. Uma série de acontecimentos parecem querer dar conta dos dados biográficos sem que haja um cuidado dramatúrgico.
Nem o título passa a fazer mais sentido. Uma série de acontecimentos parecem querer dar conta dos dados biográficos sem que haja um cuidado dramatúrgico.
Mesmo nessa segunda parte há grandes qualidades: muitas cenas boas e personagens que continuam sendo ricas e interessantes.
Falta o foco em relação aos conflitos e uma boa amarração entre todos eles. Mas como se trata de uma história real, baseada em uma dupla sertaneja de grande sucesso, o filme se apóia nisso.
Falta o foco em relação aos conflitos e uma boa amarração entre todos eles. Mas como se trata de uma história real, baseada em uma dupla sertaneja de grande sucesso, o filme se apóia nisso.
Em seguida veio o filme Era uma vez: uma história de amor impossível, aos moldes de Romeu e Julieta.
Aqui a contraposição da família e da sociedade em relação à paixão dos jovens se dá por questões sociais - o rapaz da favela e a moça da elite, numa bela paisagem carioca.
Argumento competente mas que novamente encontra no roteiro - diálogos e cenas previsíveis - um grande obstáculo.
Aqui ainda a falta de atores de mais peso dramático compromete um pouco. O casal jovem parece promissor (interpretado por Vitória Frate e Thiago Martins - que já havia trabalhado em Cidade de Deus e depois seguiu por diversos trabalhos em novelas da Globo ou filmes como Abismo Prateado - já comentado aqui), mas não sustenta uma história tão trágica.
Assim, a dramaticidade das cenas acabam tropeçando um pouco e comprometendo o resultado final.
Em seu último filme Breno volta às histórias verídicas musicais: Gonzaga: de pai pra filho.
Não era preciso muito para fazer desse passado real uma trama dramática e musicalmente envolvente, mas a escolha arriscada de Breno de escolher atores - ou não atores - que estivessem mais próximos da habilidade musical e da semelhança física fez com que a atuação fosse muito fraca.
Diversas cenas extremamente dramáticas são apresentadas em planos gerais com os atores de costas tamanha a fragilidade da atuação.
A trama também fica um pouco novelesca e se perde em diálogos simplórios demais.
Se salva a linda história, as estonteantes paisagens, bela direção de arte e fotografia e a trilha musical. Somar Gonzagão e Gonzaguinha já havia dado muito certo na vida real e nas telas de cinema não poderia ser diferente.
Uma pena não haver um retoque de roteiro e investimento de interpretação.
De qualquer maneira esse espaço que Breno Silveira vem tentando conquistar no cinema nacional, de um diálogo mais popular mas com potenciais dramáticos e psicológicos e grande qualidade técnica é louvável e deve ser seguido e perpetuado. Que venham novos exemplares!
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